quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

SÍNTESE DO TEXTO: “MÍDIA, ESCOLA E LEITURA CRÍTICA DO MUNDO”


GRAÇA CALDAS*



O texto mostra que os tempos são outros, as inovações tecnológicas cada vez mais esta facilitando a divulgação da informação, o conhecimento esta mais acessível, e Com tudo isso ainda temos escolas arraigada em situações debilitadas, onde a lousa e o giz é a única forma de se passar o conhecimento. De quem é a culpa na deficiência da incapacidade de leitura dos alunos? Talvez na má formação do professor? Na gestão pedagógica? Nas famílias? Ou no poder público? Seria fácil encontrar culpados, mas creio que é uma junção de fatos que levam ao fracasso da educação no Brasil, que vem preocupando os educadores que realmente se interessam na aprendizagem do aluno. A leitura de mundo, através de vários portadores de texto é uma forma muito interessante de estimular a leitura, que no âmbito escolar tem tudo para acontecer. As tecnologias estão muito mais acessíveis, a construção de rádio na escola é uma boa forma para motivar os alunos, a se integrarem nesse mundo de informações. Os educadores precisam refletir sobre o seu papel, a gestão precisa melhorar sua atuação e as famílias fazerem a sua parte na educação dos seus filhos, e assim possivelmente os alunos se interessem mais em aprender, talvez seja um sonho, que tudo isso se concretize, más alguém tem que começar a mudar esses índices. Temos que levar os alunos a serem leitores críticos, e inovar com novas idéias, e aprendizagens.



Zilmar

A DIFÍCIL ARTE DE CONSTRUIR O AMOR VERDADEIRO
"PERFEIÇÃO? TALVEZ"


quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

DE ONDE VEM O LIVRO?

Pessoal esse tema é muito interessante para se trabalhar com os nossos estudantes. É uma maneira de se mostrar desde o início até o final da produção do llivro, e ressaltar a importância de ser um bom leitor.

Zilmar

DE ONDE VEM O LIVRO?

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnica.html?id=1332

Ficha Técnica
Estrutura curricular
Educação Básica::Ensino Fundamental Inicial::Ciências Naturais::Recursos tecnológicos

Objetivo
Conhecer todo o processo de fabricação do livro

Descrição
Episódio do programa De onde vem?, da TV Escola, que fala sobre a invenção e o processo atual de montagem do livro. Cita o nascimento da imprensa como fato importante na história do livro

Observação
Duração: 4 min

Autor
Brasil. Ministério da Educação (MEC)

Fonte do recurso
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=19765

Licença
O acervo disponível para consulta neste endereço eletrônico (http://www.dominiopublico.gov.br) é composto, em sua grande maioria, por obras que se encontram em domínio público ou que contam com a devida licença por parte dos titulares dos direitos autorais pendentes

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Atividade Proinfo

Desenvolvo uma prática dialógica com meus alunos?Ouço suas idéias, duvidas e curiosidades?

As atividades são planejadas segundo as necessidades dos estudantes, e a partir do que eles sabem que planejo as atividades, as dificuldades de aprendizagem está cada vez mais presente nas salas de aula. As estratégias aparecem nas rodas de conversas, brincadeiras e observações do cotidiano. As tecnologias são de suma importância para aprimorar o trabalho e ocorrer à interação dos estudantes.

Quais são as estratégias que utilizo e/ou considero que podem ser úteis para estabelecer um ambiente de livre expressão que favoreça o dialogo?

As estratégias aparecem nas rodas de conversas, brincadeiras e observações do cotidiano. É importante proporcionar atividades diversificadas, com inovações.

De que forma as tecnologias podem auxiliar nisso?

São meios de comunicação, interação e desenvolvimento de habilidades, onde podemos utilizar vários instrumentos, como: a televisão, vídeo, computadores, e outras mídias, respeitando o que os estudantes podem ter, aumentando a participação com motivação.

A oportunidade do contato com as tecnologias permite que eu professora planeje melhor as aulas.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O tempo passa mas as boas idéias ficam.

A Televisão e o Vídeo na Sala de Aula
O uso didático da televisão e do vídeo teve a sua raiz no cinema. Pouco tempo após a sua invenção, filmes cinematográficos educativos começaram a ser usados nas salas de aula. Antes disso, porém, o que havia à disposição de professores e alunos eram imagens fixas projetadas por meio de aparelhos como as então denominadas “lanternas mágicas”.

No início, o cinema era geralmente de caráter documental e esse tipo de cinema se confundia com o cinema educativo, fora do Brasil, segundo Pfromm Netto. No Brasil, estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná realizam as primeiras filmagens nessa modalidade. Os filmes realizados então eram de curtíssima duração e exibidos em lugares improvisados. Data de 1910 o primeiro filme de caráter expressamente educativo e já em 1929 foi instituído o uso do cinema educativo em todas as escolas primárias do Rio de Janeiro, quando o acervo nacional já contava com vários títulos produzidos dentro e fora do País.

O uso do cinema educativo para o ensino médico logo provou ter grande importância. Franceses e Alemães foram os pioneiros do cinema científico. A microcinematografia e a condensação artificial do tempo permitiram que muitos fenômenos biológicos e o comportamento de microorganismos pudessem ser cuidadosamente observados. Filmagens no interior do corpo humano foram possíveis graças ao desenvolvimento da endocinematografia e logo várias especialidades médicas se beneficiaram da nova possibilidade.

A separação de duas irmãs xipófagas, em 1907, foi registrada no primeiro filme médico brasileiro. Desde então, várias instituições como o Instituto Biológico e o Instituto Nacional de Cinema Educativo, fundado em 1936 por Roquette Pinto, ofereceram notáveis contribuições para o cinema médico brasileiro.

Nasceram no País várias filmotecas e o cinema educativo proliferou no Brasil até os anos 70, quando a televisão começou a se expandir pelo território nacional. A partir de então, abriu-se um novo canal para divulgação de materiais educativos audiovisuais, e o cinema educativo foi pouco a pouco perecendo, junto com as principais instituições que lhe deram apoio, como o Instituto Nacional de Cinema Educativo, por exemplo.

Vídeo e televisão estão estreitamente vinculados, seja por razões econômicas e mercadológicas, como ressalta Pretto, seja pela própria natureza desses meios de comunicação. O vídeo tem alta penetração social, uma vez que seu custo tem se reduzido ao longo dos anos e conta com um mercado em expansão, a despeito do surgimento de novas e mais sofisticadas tecnologias do som e da imagem. E a televisão é ainda considerada o mais popular meio de comunicação social. Vídeo e televisão contam com diferentes possibilidades de uso.


O potencial do uso do vídeo e da TV

Há décadas, a televisão tem sido utilizada com finalidades educacionais, suplantando o rádio. Vários autores confirmam as suas potencialidades para tornar o ensino mais eficaz (Moore & Kearsley; Valmont; Netto; Wetzel). O desenvolvimento rápido das tecnologias da comunicação e da informação tem colocado à disposição da televisão novas possibilidades, oferecendo-lhe mais oportunidades do que propriamente ameaças. É o caso das redes de satélites, por exemplo, e da tecnologia digital. Como conseqüência, a televisão tem se tornado um meio bastante popular e de alcance ampliado através dos anos, pela sua característica de se conjugar a novas tecnologias.


Fonte: E-Proinfo
Postado por Joanirse às 15:03
Marcadores: Cinema na sala de aula, Televisão e educação, Vídeo na Sala de Aula

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

PROJETO INTERDISCIPLINAR
COMO A TECNOLOGIA PODE CONTRIBUIR PARA O DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL RELACIONADO COM O LIXO NA COMUNIDADE


Disciplina: Interdisciplinar
Objetivos: refletir sobre a questão do lixo na comunidade (preparação sensibilizatória para futuras atividades de coleta seletiva na escola).

Sugestão de ciclo: Ensino Fundamental I.

Materiais: cópias da reportagem A Nova Face do Lixo, vídeo Ilha das Flores, que pode ser visto no site Porta Curtas, fichas de papel colorido, canetas hidrográficas. Computadores; Máquina fotográfica; data show.

Tempo de duração: Semestral

Dicas de leitura para o professor: o site Porta Curtas tem várias opções de filmes e documentários de curta duração para serem utilizados na sala de aula. O site do Compromisso Empresarial Para a Reciclagem (Cempre) tem boas informações e números sobre o lixo no Brasil.

- Prepare os alunos para a atividade com o filme Ilha das Flores, do diretor gaúcho Jorge Furtado, uma crítica sobre a sociedade de consumo, que acompanha a “trajetória” de um tomate, desde a plantação, até ser jogado no lixo. Converse com eles para saber sua percepção sobre o que é lixo, o que é desperdiçado, o que pode ser re-utilizado.- Apresente o filme, que tem 13 minutos de duração. Em seguida, abra um debate de 20 minutos para que cada aluno se manifeste sobre o que achou do documentário. Levante com eles: Que tipo de linguagem o curta-metragem utiliza? Onde se passa a filmagem? Que impressões causam essas imagens? Qual mensagem o vídeo transmite? O que acharam do caminho do tomate?

- Amplie o debate do filme para a situação do lixo no cotidiano dos alunos. Pergunte a eles se fazem idéia de quanto resíduo é gerado em casa? Peça para que conversem com os pais e observem a produção de lixo em casa, durante uma semana, anotando no caderno a quantidade diária, o tipo de lixo gerado, etc. Se possível, planeje com eles um levantamento da quantidade e do tipo de lixo gerado na escola, realizando a coleta de dados em todos os ambientes disponíveis e com o auxílio dos funcionários. Peça para que anotem, ainda, se os pais e a escola participam de coletas seletivas; se sim, questionem como a coleta funciona. Se não, perguntem por que ela não acontece.

- No retorno da semana que passou, peça para que alguns alunos socializem o que observaram em casa – e também dentro da escola, se conseguiram levantar estas informações. Introduza o texto A Nova Face do Lixo, que traz informações sobre a reutilização do lixo proveniente de coletas e pergunte sobre os resíduos que observaram em casa e na escola: eles podem ser coletados e transformados em novos produtos? Deixe cinco minutos para cada um pensar que atitudes individuais cada aluno pode ter para reduzir a quantidade de lixo que produz, e para estimular a coleta do que pode ser reaproveitado e transformado. As idéias serão brevemente discutidas e impressas em fichas coloridas, que poderão ser espalhadas pela sala de aula ou até mesmo pelas áreas de maior passagem de alunos pela escola, para “lembrá-los” sobre o tema que refletiram.

- Numa próxima etapa, se possível, na mesma semana ou seqüência, convide o representante de uma empresa ou cooperativa responsável por coletas de lixo em em sua região para uma palestra sobre o tema: “resíduos em casa”. Direcione esse representante para falar um pouco sobre números do lixo, o que pode ser reciclado, exemplos de empresas que promovem reciclagem na região de entorno da escola, no bairro, etc.

- A partir dessa palestra, você pode promover outras atividades com os alunos e comunidade interna (diretoria, funcionários e professores) a respeito da coleta seletiva na escola, no bairro, na região. Os alunos podem participar na divulgação e mobilização, produzindo e distribuindo folhetos sobre como será a coleta, como as pessoas podem contribuir para a redução de consumo, etc. Os estudantes ainda podem acompanhar o processo da coleta seletiva quando ela for efetivada, anotando, durante alguns períodos do ano, a quantidade de lixo que está sendo coletado, o tipo de lixo, entre outras informações.

TEXTO

A nova face do lixo
Embalagens comuns na rotina dos brasileiros ganham novos usos como fonte de matéria-prima das indústrias
Texto: Sérgio Adeodato
As embalagens têm a importante função de proteger a maioria dos produtos encontrados no comércio – dos alimentos aos remédios – e são elas as que primeiro saltam aos olhos dos consumidores na hora da compra. O consumo de caixas, latas, sacos plásticos e potes de vidro e garrafas se multiplica à medida que o poder aquisitivo da população aumenta e os produtos industrializados se tornam mais acessíveis. Mas a maior quantidade desses materiais – jogados no lixo após o consumo – cria um problema ambiental para as cidades, que precisam investir em aterros sanitários para receber os resíduos. E como muitos municípios não têm coleta de lixo eficiente, eles acabam poluindo solos, rios e mares.

Como se verá nas páginas a seguir, a reciclagem – ou seja, a reutilização do plástico, do papel, do vidro e dos metais das embalagens como matéria-prima para produzir novos produtos – é vista como a solução para evitar esses impactos. Nos últimos anos, indústrias e estabelecimentos comerciais responsáveis têm promovido campanhas para a reutilização do lixo doméstico. Além disso, engajadas nesse processo, fábricas desenvolvem novas embalagens mais fáceis de ser reutilizadas e recicladas. E se esforçam para produzi-las com menor quantidade de materiais, diminuindo o tamanho do lixo e o uso de matérias-primas.

Como resultado, crescem no País os negócios envolvendo a reciclagem, com geração de mais empregos e benefícios sociais para populações antes marginalizadas. O desafio, segundo especialistas, é aumentar a consciência da população ao separar nas residências os diferentes materiais do lixo para a reciclagem. Nesse cenário, a atuação dos municípios é fundamental. “Embora o número esteja longe do ideal, é crescente a quantidade de cidades brasileiras que implantaram sistemas para a coleta seletiva desses materiais nos domicílios”, diz André Vilhena, diretor do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre).

Plásticos ganham um destino nobre

Indústrias apóiam programas de coleta e ampliam a reciclagem de materiais que podem poluir rios e praias

O crescimento do consumo de embalagens está diretamente relacionado ao processo de urbanização. Afinal, o ritmo de vida das cidades obriga os consumidores a ter uma rotina mais ágil e prática. Entre os diversos materiais que compõem as embalagens, o plástico encabeça a lista dos que mais asseguram essa praticidade. Com uma vantagem: a maioria dos materiais plásticos pode ser reciclada por meio de processos de moagem e lavagem, retornando ao processo industrial para compor principalmente utensílios domésticos e materiais para construção civil.

Para alguns especialistas, a reciclagem do plástico só não é maior porque o preço pago por essa sucata é menor em relação a outros materiais, como o alumínio. Assim, é comum ver restos de plásticos, que não se degradam facilmente na natureza, poluindo as ruas e a areia das praias. “É preciso dar maior valor à importância dessa reciclagem”, afirma Silvia Rolim, do Plastivida (Instituto Socioambiental dos Plásticos). Segundo ela, 17,5% dos plásticos utilizados no Brasil, principalmente em embalagens, são desviados do lixo e voltam às indústrias por meio da reciclagem. Na Europa, onde a legislação ambiental é rígida, o índice de recuperação é de 22% e a maior parte dos restantes 78% é queimada para gerar energia. “No Japão, as piscinas das casas são aquecidas pela energia obtida dos plásticos”, diz Silvia.

No Brasil, o destaque é a reciclagem das embalagens PET, como as garrafas de refrigerantes, que cresce acima de 20% ao ano a partir das diversas campanhas de coleta promovidas por empresas, prefeituras e organizações não-governamentais. Atualmente, segundo o Plastivida, 48% desse plástico é reciclado após o consumo. Como as normas proíbem a reutilização deste material para fabricar novas embalagens, o PET é reprocessado mecanicamente para produzir fibras, carpetes, tecidos, cordas, estofados e tubulações, entre outras aplicações. Por meio de processos químicos, o plástico PET das garrafas é reutilizado na fabricação de tintas.

A tendência é essa reciclagem aumentar, evitando o acúmulo de garrafas plásticas no ambiente. Além disso, a diversidade de usos para as garrafas PET recicladas está impulsionando o crescimento de um mercado que inclui empresas recicladoras e cooperativas de catadores, contribuindo para gerar renda. Na Região Metropolitana de São Paulo existem quase 200 empresas que produzem mais de 159 mil toneladas por ano de artefatos plásticos reciclados. Entre as principais novidades está a madeira plástica, produto que tem como matéria-prima uma mistura de plásticos separados do lixo. O produto é imune a ataques de cupim e tem resistência e durabilidade para substituir a madeira convencional em pisos, mourões e decks de piscinas.



Exemplos

Mudança de vida

A reciclagem de plásticos e outros materiais do lixo está garantindo o sustento e abrindo novas perspectivas de vida para os moradores de rua atendidos pela Associação Reciclázaro, em São Paulo. No galpão mantido pela entidade no bairro do Butantã, 52 pessoas trabalham na separação de 70 toneladas de resíduos recicláveis por mês, encaminhadas para a reutilização nas indústrias. São ex-catadores de lixo que viviam nas ruas em condições de miséria, explorados por donos de ferros-velhos. Ao proporcionar maior auto-estima, o trabalho com reciclagem é também utilizado pela Reciclázaro como ferramenta na terapia para recuperação de dependentes químicos. Com apoio do Plastivida, educadores estão sendo capacitados pela instituição para orientar a coleta seletiva nas escolas, aumentando a quantidade de materiais para a reciclagem.

Nova fábrica recicla PET

Todos os anos, mais de 100 milhões de garrafas PET deixarão de poluir o meio ambiente no Rio de Janeiro, com o início de operação da fábrica JRM 21 Indústria e Comércio de Plásticos e Reciclagem, inaugurada pelo governo estadual em agosto de 2006, no município de Queimados, na Baixada Fluminense. A nova unidade vai aproveitar insumos produzidos pelo Pólo Gás-Químico de Duque de Caxias, localizado na região, para processar PET moído a ser utilizado na fabricação de materiais plásticos para a construção civil e para o setor têxtil. A fábrica recicla anualmente 500 toneladas de lixo plástico, gerando 600 empregos.

Leilão ecológico

Além das embalagens jogadas no lixo pelos consumidores, a reciclagem também permite a reutilização dos resíduos plásticos gerados pelos processos de produção nas indústrias. Materiais que antes não tinham utilidade e iam para aterros sanitários são hoje vendidos pelas fábricas de embalagens em leilões pela internet, organizados pela empresa Superbid. A fábrica da Coca-Cola no Rio de Janeiro comercializou, em julho de 2006, cerca de 3 mil toneladas de plásticos, principalmente PET das embalagens de refrigerantes, resolvendo um problema ambiental e gerando receita. Entre outros compradores, o material é adquirido nos leilões por cooperativas de catadores de lixo e revendido para reutilização nas indústrias. Segundo dados do Movimento Nacional dos Catadores de Recicláveis, as 15 cooperativas existentes na cidade de São Paulo faturaram R$ 1,2 milhão com a venda de 1,77 milhão de sucata plástica em 2005, com reflexos na melhoria da qualidade de vida dos cooperados.

Vidros mais leves

Potes e garrafas utilizam menos matéria-prima com ganhos econômicos e ambientais

A reciclagem de vidro é crescente no Brasil. Em 2005, as indústrias recuperaram 45% dessas embalagens consumidas no País. “O percentual poderia ser bem maior, se houvesse maior envolvimento da população e dos municípios para a coleta”, diz Stefan David, da Associação Brasileira da Indústria do Vidro (Abividro). Com o avanço da reciclagem, as indústrias poderão investir em técnicas mais avançadas, como os sensores ópticos que separam os cacos por cor, tornando mais eficiente a produção. Hoje, as indústrias investem em tecnologias para reduzir a quantidade de vidro empregada nas embalagens, diminuindo o peso do lixo urbano. Nos últimos anos, as garrafas descartáveis do tipo long-neck, por exemplo, diminuíram o peso, de 240 gramas para 180 gramas.

Vidro é um dos materiais de embalagens mais antigos do mundo, provavelmente descoberto pelos fenícios, milhares de anos antes de Cristo. Os povos da Mesopotâmia e os egípcios, que já conheciam as técnicas rudimentares de fabricação do vidro em 2.700 a.C., utilizavam o material para fazer adornos pessoais restritos apenas à nobreza. Os primeiros registros da moldagem de frascos datam de 1500 a.C., na Babilônia, mas só por volta do ano 100 a.C., com o surgimento de novas técnicas, as embalagens passaram a ser fabricadas em série pelos romanos. A partir de então, o vidro se tornou um dos materiais mais comuns no dia-a-dia das pessoas.

No Brasil, a indústria do vidro começou durante a ocupação holandesa em Pernambuco, no século 17, quando foi montada uma oficina pelos artesãos que faziam parte da comitiva do príncipe Maurício de Nassau. O País tem hoje capacidade para produzir 1,3 milhão de toneladas de embalagens de vidro – principalmente garrafas de bebidas e potes para alimentos e produtos farmacêuticos. O material tem a vantagem de ser reciclado infinitas vezes sem perder suas características originais. Transformado em cacos, o vidro retorna para a produção de novas embalagens e utensílios e também pode ser utilizado na pavimentação de estradas e na produção de fibras de vidro e tintas.



Exemplos

Consumo consciente

Vidro rende cestas básicas

A reciclagem de cacos de vidro gera benefícios sociais nas favelas de Vigário Geral, Morro do Céu e Morro do Alemão, no Rio de Janeiro. Nesses locais, a empresa Reciclaco, especializada na coleta e preparação do material para fornecimento às indústrias, paga aos moradores uma cesta básica de alimentos em troca de 150 quilos de vidro branco ou 190 quilos de cacos de cores misturadas. A empresa, que recicla cerca de 700 toneladas mensais, atua também em parceria com prefeituras fluminenses que fazem coleta seletiva do lixo, como de Nova Friburgo. Neste caso, a Reciclaco paga R$ 100 por tonelada de vidro para os catadores que fazem a separação do material coletado pelo serviço público nas residências.

Mobilizando cooperativas

Vinte e três instituições sociais, entre elas cooperativas de catadores de lixo de São Paulo e de cidades do interior paulista, como Ibiúna, São Roque, Santana do
Parnaíba e Campinas, participam de um programa da fábrica de vidros Saint Gobain, que promove a coleta e entrega do material para reciclagem diretamente nas indústrias. Sem intermediários, os catadores se tornam mais autônomos e conseguem melhores preços. No trabalho, as cooperativas são orientadas a não entregar as garrafas de vidro para os garrafeiros, que normalmente reutilizam as embalagens de maneira indevida, inclusive para falsificar bebidas. Transformado em cacos, o material é armazenado em caçambas, fornecidas às instituições parceiras pela empresa, que recebe dos catadores mais de 100 toneladas de vidro por mês para reprocessamento industrial.

Cresce a reciclagem do papelão

Brasil está entre os países que mais reaproveitam embalagens de papel ondulado no mundo

O papelão, também chamado de papel ondulado, é hoje o produto que mais utiliza matéria-prima reciclada no Brasil. Com ele, as indústrias produzem caixas, utilizadas principalmente para o transporte das mercadorias. Nos últimos anos, como resultado dos avanços tecnológicos, a embalagem de papelão tem conquistado novos espaços. Nas prateleiras de supermercado, é comum ver hoje produtos refrigerados, congelados e in natura acondicionados em caixas desse tipo. As novas funções, no entanto, não atrapalham o alto poder de reciclagem desse material. No total, 79% da quantidade de papel ondulado consumido no Brasil foi reciclado em 2004, segundo números do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre) – índice muito próximo de países desenvolvidos, como os Estados Unidos.

A reciclagem dessas fibras é tão antiga quanto a própria descoberta do papel, por volta do ano 105 d.C. Desde aquela época, os papéis usados podem ser convertidos em polpa para gerar novos produtos menos refinados, principalmente cartões, caixas de papelão e outros materiais para embalagens. O tipo ondulado, que tem uma camada intermediária de papel entre suas partes exteriores, na forma de uma sanfona, é a embalagem de transporte mais utilizada no mundo. No Brasil, começou a ser produzido em 1935. Ao longo do tempo, à medida que cresceu a consciência ambiental, aumentou a quantidade de caixas feitas com material reciclado. Os benefícios ambientais são evidentes: além de reduzir o lixo, a utilização de uma tonelada de aparas, obtida de papéis usados, pode evitar o corte de dez a 13 árvores provenientes de plantações comerciais. E mais: o uso do produto reciclado como matéria-prima para fabricar papel gasta até 50 vezes menos água em relação ao processo convencional que utiliza a celulose extraída das árvores.

“A indústria de embalagens é dinâmica e está sempre mudando para atender às necessidades da população”, explica Luciana Pelegrino, diretora da Associação Brasileira de Embalagem (Abre). No caso do papelão, as novas tecnologias conseguiram reduzir a espessura em 2%, sem diminuir a resistência das embalagens. Esse percentual parece pequeno, mas é significativo tendo em vista a grande quantidade desse material presente no lixo urbano.


Exemplos

Mais qualidade

O desenvolvimento de novas técnicas tem proporcionado à Klabin, maior recicladora de papel do País, produzir material para embalagens de papelão ondulado mais leves e resistentes. Além disso, a empresa aprimorou métodos para eliminar substâncias que atrapalham a reciclagem, como a parafina que protege o papelão contra a ação do vapor e da água, hoje substituída por produtos mais ecológicos. Para completar, sistemas de separação mecânica de impurezas permitem a produção de papéis reciclados de melhor qualidade e aparência. Além de investir em tecnologias, a indústria apóia a formação de cooperativas de catadores e projetos de conscientização para a reciclagem, como o Programa Caiubi de Educação Ambiental, que já capacitou mais de 1,6 mil professores.



Caixas da moda

O uso de embalagens de papel cartão totalmente recicladas, que utilizam menos matéria-prima e mantêm o mesmo volume dos modelos anteriores, é novidade encontrada nas lojas da rede C&A desde outubro de 2005, quando a empresa resolveu intensificar os esforços para promover a reciclagem. As novas caixas deixaram de receber o tratamento coating, que dá um acabamento mais liso, branco e brilhante à embalagem, mas dificulta a reutilização mais ampla do material após o consumo. O projeto faz parte de uma lista de iniciativas que inclui o uso de folhas ofício e cartões de visita com papel reciclado pelos funcionários da empresa, que são incentivados a separar o lixo do dia-a-dia na loja e nas residências.

Consumo mais limpo

O setor de alimentos é um dos que mais geram lixo doméstico. Para reduzir impactos ambientais das embalagens, a Nestlé Brasil apóia atividades de coleta desses materiais por parte de catadores de lixo, por meio de uma parceria com o Compromisso Empresarial para Reciclagem. Além desse projeto, a empresa tem um programa para utilizar embalagens com menor quantidade de matéria-prima. Graças a esse programa, a empresa reduziu o peso total das embalagens em 2 mil toneladas – a maior parte, 1.420 toneladas, refere-se à diminuição de papéis. Em 2004, a indústria aumentou em 8% a reciclagem dos resíduos gerados durante a fabricação dos produtos. Hoje, 84,8% dos rejeitos dos vários materiais são recuperados.

Metais transformam vidas

Reciclagem de latas metálicas, incluindo aquelas feitas de aço, traz renda e abre novas perspectivas para a população

Quando o assunto é reciclagem, o Brasil é destaque no cenário internacional. Como no futebol, o País é pentacampeão mundial também na reciclagem de latas de alumínio para bebidas. Em 2005, 96,2% das latas produzidas pelas indústrias brasileiras retornaram após o consumo das bebidas para a fabricação de novas embalagens e outros produtos de alumínio – índice que supera o registrado pelo Japão, Estados Unidos e Europa no mesmo período. De acordo com dados da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), foram recicladas, em 2005, mais de 9,4 bilhões de latas. O material é coletado antes de se misturar no lixo urbano por um exército de cerca de 160 mil catadores espalhados pelas ruas da maioria das cidades e por mais de 2 mil escolas e estabelecimentos comerciais. Parte desse sucesso se deve ao alto valor da lata jogada no lixo, que hoje gira em torno de R$ 200 a tonelada, contribuindo para manter o sustento de milhares de famílias em tempos de desemprego.

A compra de latas usadas injeta cerca de R$ 500 milhões por ano na economia nacional. Além dos benefícios sociais e econômicos, a atividade garante ganhos ambientais. A reciclagem proporciona uma redução de 95% da energia utilizada para produzir alumínio a partir da matéria-prima virgem, a bauxita. Além disso, segundo dados da Abal, a indústria está conseguindo fazer latas 32% mais leves que alguns anos atrás, utilizando menos matéria-prima extraída da natureza.

Além do alumínio, o Brasil recicla cerca de 47% das latas de aço produzidas pelas indústrias para embalar uma grande diversidade de produtos, com destaque para os alimentos. O aço é totalmente reciclável e tem a característica de se decompor na natureza mais rápido que a maioria dos demais materiais. Além de economizar energia, a cada 75 latas de aço recicladas, poupa-se uma árvore que precisaria ser transformada em carvão vegetal para alimentar os fornos industriais produtores do metal.


Exemplos

Escolas implantam metodologia

Após dez anos de trabalhos, o projeto de educação ambiental Sociedade do Amanhã, promovido pela indústria de alumínio Novelis, já demonstrou para 17 mil crianças de Pindamonhangaba (SP) a importância da reciclagem dos metais e dos demais resíduos domésticos. Por meio de conteúdo teórico e prático e de atividades lúdicas, os estudantes são mobilizados, entre outros fatores, a separar os materiais recicláveis em casa e participar de campanhas de coleta seletiva. Com o projeto, muitas escolas começaram a reaproveitar o lixo, utilizando o tema da reciclagem nas atividades escolares dentro de disciplinas como artes e ciências.

Aço gera renda no Nordeste

Incentivar a coleta seletiva e a recuperação de embalagens metálicas por catadores e pequenos recicladores é o objetivo da Reciclaço, campanha de reciclagem promovida pela Metalic em 132 cidades de 17 estados brasileiros. O sistema de coleta é formado por 388 estabelecimentos credenciados, que recolhem diariamente as latas de aço, incentivados por um subsídio oferecido pela empresa ao oferecer preços superiores aos de mercado. O material é repassado pelos catadores a sucateiros, que por sua vez vendem a sucata para a indústria Gerdau reutilizar na produção de aço nas unidades do Ceará, Bahia e Pernambuco. Em 2005, a Metalic conseguiu recuperar 88% das latas que produziu com investimento de R$ 2,7 milhões.

Bate Lata conscientiza jovens

Atividades lúdicas, teatro e música são as ferramentas educacionais que começaram em agosto de 2005 a mobilizar professores e estudantes de 80 escolas de São Paulo e Paraná para a reciclagem do lixo, entre outras ações, em favor da natureza. O Projeto Estação Ecoviver, lançado pelo grupo EcoRodovias com apoio da Fundação Orsa, abrange oito municípios situados ao longo das estradas administradas pela empresa, prevendo a separação dos materiais. O ponto alto das atividades serão os shows semanais da banda Bate Lata, formada por 20 jovens da periferia de Campinas (SP) que tocam instrumentos de percussão confeccionados com sucatas metálicas. O grupo participa de oficinas de sensibilização e auto-estima, música, artes plásticas, dança e poesia, além de capoeira e informática.

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O que pode ser dito sobre o Currículo

O currículo e uma das etapas de grande importância para um desenvolvimento educacional de qualidade, desde o momento da construção como de execução das teorias curriculares. E a elaboração do currículo é um ponto chave para a prática pedagógica do fazer do educador, pois o currículo é dotado de normas de ação. Mas que também da oportunidade para o educador conduzi-lo da maneira que lhe achar melhor. Melhor dizendo o currículo é a teoria educativa mais a prática pedagógica ou planejamento, e isso constitui no ponto de partida das ações práticas educativas do fazer docente do educador no contexto da sala de aula. O currículo também vai servir para guiar outras atuações no contexto escolar, como por exemplo: a formação inicial e continuada do corpo docente, organização dos centros de ensino, confecção de materiais didáticos, entre outros, assim como assegurar a coerência dessas questões no contexto escolar.
O currículo deve ser elaborado considerando todo o aspecto de desenvolvimento intelectual e físico do estudante, É importante que o currículo seja elaborado já considerando sempre um conhecimento prévio do aluno. O professor deve tentar mostrar a importância e utilização do novo conhecimento adquirido para vida do escolar, para que esse possa encontrar significado no que aprende para se sentir estimulado a aprender ainda mais, além do mais, toda pessoa é dotada de um conhecimento prévio. O educador deve estimular seus alunos a procurarem e a construírem seu próprio conhecimento. O currículo escolar deve ser elaborado de forma sistematizada e que possua metas e objetivos a serem cumpridos. Ao final, o aluno deve saber identificar a importância dos conteúdos recebidos para sua vida cotidiana, pois de nada valerá o aluno ser bombardeado de novas informações se ele não vai saber o que fazer com elas ou como usá-las. E para que essa organização do currículo realmente aconteça tem que ter a participação de todos do ambiente escolar e comunidade, deve ser fundamentada em uma concepção democrática que possibilite à tomada de decisões coletivas, adequando as novas tecnologias.

ZILMAR

domingo, 20 de novembro de 2011

Desafios da Linguagem

Notícias - Paraná
Pedro Demo aborda os desafios da linguagem no século XXI
Segunda-feira, 07 de Julho de 2008
Pedro Demo é professor do departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB). PhD em Sociologia pela Universidade de Saarbrücken, Alemanha, e pós-doutor pela
University of California at Los Angeles (UCLA), possui 76 livros publicados, envolvendo Sociologia e Educação. No mês passado esteve em Curitiba para uma palestra promovida
pela Faculdade Opet, e conversou com o Nota 10.
O tema de sua palestra é “Os desafios da linguagem do século XXI para a aprendizagem na escola”. Quais são os maiores desafios que professores e alunos enfrentam,
envolvendo essa linguagem?
A escola está distante dos desafios do século XX. O fato é que quando as crianças de hoje forem para o mercado, elas terão de usar computadores, e a escola não usa. Algumas
crianças têm acesso à tecnologia e se desenvolvem de uma maneira diferente - gostam menos ainda da escola porque acham que aprendem melhor na internet. As novas
alfabetizações estão entrando em cena, e o Brasil não está dando muita importância a isso – estamos encalhados no processo do ler, escrever e contar. Na escola, a criança
escreve porque tem que copiar do quadro. Na internet, escreve porque quer interagir com o mundo. A linguagem do século XXI – tecnologia, internet – permite uma forma de
aprendizado diferente. As próprias crianças trocam informações entre si, e a escola está longe disso. Não acho que devemos abraçar isso de qualquer maneira, é preciso ter
espírito crítico - mas não tem como ficar distante. A tecnologia vai se implantar aqui “conosco ou sem nosco”.
A linguagem do século XXI envolve apenas a internet?
Geralmente se diz linguagem de computador porque o computador, de certa maneira, é uma convergência. Quando se fala nova mídia, falamos tanto do computador como do
celular. Então o que está em jogo é o texto impresso. Primeiro, nós não podemos jogar fora o texto impresso, mas talvez ele vá se tornar um texto menos importante do que os
outros. Um bom exemplo de linguagem digital é um bom jogo eletrônico – alguns são considerados como ambientes de boa aprendizagem. O jogador tem que fazer o avatar dele
– aquela figura que ele vai incorporar para jogar -, pode mudar regras de jogo, discute com os colegas sobre o que estão jogando. O jogo coloca desafios enormes, e a criança
aprende a gostar de desafios. Também há o texto: o jogo vem com um manual de instruções e ela se obriga a ler. Não é que a criança não lê – ela não lê o que o adulto quer que
ele leia na escola. Mas quando é do seu interesse, lê sem problema. Isso tem sido chamado de aprendizagem situada – um aprendizado de tal maneira que apareça sempre na
vida da criança. Aquilo que ela aprende, quando está mexendo na internet, são coisas da vida. Quando ela vai para a escola não aparece nada. A linguagem que ela usa na
escola, quando ela volta para casa ela não vê em lugar nenhum. E aí, onde é que está a escola? A escola parece um mundo estranho. As linguagens, hoje, se tornaram
multimodais. Um texto que já tem várias coisas inclusas. Som, imagem, texto, animação, um texto deve ter tudo isso para ser atrativo. As crianças têm que aprender isso. Para
você fazer um blog, você tem que ser autor – é uma tecnologia maravilhosa porque puxa a autoria. Você não pode fazer um blog pelo outro, o blog é seu, você tem que redigir,
elaborar, se expor, discutir. É muito comum lá fora, como nos Estados Unidos, onde milhares de crianças de sete anos que já são autoras de ficção estilo Harry Potter no blog, e
discutem animadamente com outros autores mirins. Quando vão para a escola, essas crianças se aborrecem, porque a escola é devagar.
Então a escola precisa mudar para acompanhar o ritmo dos alunos?
Precisa, e muito. Não que a escola esteja em risco de extinção, não acredito que a escola vai desaparecer. Mas nós temos que restaurar a escola para ela se situar nas habilidades
do século XXI, que não aparecem na escola. Aparecem em casa, no computador, na internet, na lan house, mas não na escola. A escola usa a linguagem de Gutenberg, de 600
anos atrás. Então acho que é aí que temos que fazer uma grande mudança. Para mim, essa grande mudança começa com o professor. Temos que cuidar do professor, porque
todas essas mudanças só entram bem na escola se entrarem pelo professor – ele é a figura fundamental. Não há como substituir o professor. Ele é a tecnologia das tecnologias, e
deve se portar como tal.
Qual é a diferença da interferência da linguagem mais tecnológica para, como o senhor falou, a linguagem de Gutenberg?
Cultura popular. O termo mudou muito, e cultura popular agora é mp3, dvd, televisão, internet. Essa é a linguagem que as crianças querem e precisam. Não exclui texto. Qual é a
diferença? O texto, veja bem, é de cima para baixo, da esquerda para a direita, linha por linha, palavra por palavra, tudo arrumadinho. Não é real. A vida real não é arrumadinha,
nosso texto que é assim. Nós ficamos quadrados até por causa desses textos que a gente faz. A gente quer pensar tudo seqüencial, mas a criança não é seqüencial. Ela faz sete,
oito tarefas ao mesmo tempo – mexe na internet, escuta telefone, escuta música, manda email, recebe email, responde - e ainda acham que na escola ela deve apenas escutar a
aula. Elas têm uma cabeça diferente. O texto impresso vai continuar, é o texto ordenado. Mas vai entrar muito mais o texto da imagem, que não é hierárquico, não é centrado, é
flexível, é maleável. Ele permite a criação conjunta de algo, inclusive existe um termo interessante para isso que é “re-mix” – todos os textos da internet são re-mix, partem de
outros textos. Alguns são quase cópias, outros já são muito bons, como é um texto da wikipedia (que é um texto de enciclopédia do melhor nível).
Qual a sua opinião sobre o internetês?
Assim como é impossível imaginar que exista uma língua única no mundo, também existem as línguas concorrentes. As sociedades não se unificam por língua, mas sim por
interesses comuns, por interatividade (como faz a internet por exemplo). A internet usa basicamente o texto em inglês, mas admite outras culturas. Eu não acho errado que a
criança que usa a internet invente sua maneira de falar. No fundo, a gramática rígida também é apenas uma maneira de falar. A questão é que pensamos que o português
gramaticalmente correto é o único aceitável, e isso é bobagem. Não existe uma única maneira de falar, existem várias. Mas com a liberdade da internet as pessoas cometem
abusos. As crianças, às vezes, sequer aprendem bem o português porque só ficam falando o internetês. Acho que eles devem usar cada linguagem isso no ambiente certo – e isso
implica também aprender bem o português correto.
O senhor é um grande escritor na área de educação, e tem vários livros publicados. Desses livros qual é o seu preferido?
Posso dizer uma coisa? Eu acho que todos os livros vão envelhecendo, e eu vou deixando todos pelo caminho. Não há livro que resista ao tempo. Mas um dos que eu considero
com mais impacto – e não é o que eu prefiro – é o livro sobre a LDB (A Nova LDB: Ranços e Avanços), que chegou a 20 e tantas edições. É um livro que eu não gosto muito, que
eu não considero um bom livro, mas... Outros livros que eu gosto mais saíram menos, depende muito das circunstâncias. Eu gosto sobretudo de um livrinho que eu publiquei em
2004, chamado Ser Professor é Cuidar que o Aluno Aprenda. É o ponto que eu queria transmitir a todos os professores: ser professor não é dar aulas, não é instruir, é cuidar que
o aluno aprenda. Partir do aluno, da linguagem dele, e cuidar dele, não dar aulas. O professor gosta de dar aula, e os dados sugerem que quanto mais aulas, menos o aluno
aprende. O professor não acredita nisso, acha que isso é um grande disparate. Mas é verdade. É melhor dar menos aulas e cuidar que o aluno pesquise, elabore, escreva -
aprenda. Aí entra a questão da linguagem de mídia: a língua hoje não é dos gramáticos, é de quem usa a internet. Então a língua vai andar mais, vai ter que se contorcer, vai ser
mais maleável.
Então o professor gosta de dar aulas deve mudar esse pensamento?
É um grande desafio: cuidar do professor, arrumar uma pedagogia na qual ele nasça de uma maneira diferente, não seja só vinculado a dar aulas. A pedagogia precisa inventar
um professor que já venha com uma cara diferente, não só para dar aulas e que seja tecnologicamente correto. Que mexa com as novas linguagens, que tenha blog, que
participe desse mundo – isso é fundamental. Depois, quando ele está na escola, ele precisa ter um reforço constante para aprender. É preciso um curso grande, intensivo,
especialização, voltar para a universidade, de maneira que o professor se reconstrua. Um dos desejos que nós temos é de que o professor produza material didático próprio, que
ainda é desconhecido no Brasil. Ele tem que ter o material dele, porque a gente só pode dar aula daquilo que produz - essa é a regra lá fora. Quem não produz não pode dar
aula, porque vai contar lorota. Não adianta também só criticar o professor, ele é uma grande vítima de todos esses anos de descaso, pedagogias e licenciaturas

domingo, 13 de novembro de 2011

Protagonismo Juvenil - O que é e como praticá-lo -

Protagonismo Juvenil
- O que é e como praticá-lo -



Antonio Carlos Gomes da Costa



“Tu me dizes, eu esqueço.
Tu me ensinas, eu lembro.
Tu me envolves, eu prendo.”

Benjamim Franklin





Parte I - Conceitos Básicos: Juventude, Educação e Mudança

Parte II - Estruturando Ações de Protagonismo Juvenil

Roteiro Simplificado de Elaboração de um Projeto





PARTE I: CONCEITOS BÁSICOS: JUVENTUDE, EDUCAÇÃO E MUDANÇA



1. Qual o grande desafio da educação nesta reta final de século e de milênio?

* Segundo Ítalo Gastaldi, o grande desafio da educação nos dias de hoje reside na questão dos valores, ou seja, na capacidade de as gerações adultas possibilitarem aos jovens identificar, incorporar e realizar os valores positivos construídos ao longo da evolução da história humana.


2. Por que esta tarefa tornou-se tão desafiadora e complexa em nosso tempo?

* Porque - precisamente agora - estamos vivendo num mundo marcado por uma série de dinamismos, que, tomados em conjunto, configuram o ingresso da humanidade numa nova etapa do processo civilizatório.


3. Que dinamismos são esses?

* No plano econômico, a globalização dos mercados. No plano tecnológico, o ingresso na era pós-industrial e, no plano sócio-cultural, a chamada pós-chamada.


4. Quais são as conseqüências desses dinamismos para o cotidiano social dos jovens?

* São muitas e bastante diversificadas. A globalização dos mercados, por exemplo, exige que cada país, para inserir-se de forma competitiva na economia internacional, eleve dramaticamente seus níveis de produtividade e qualidade na produção de bens e serviços. Isto, frequentemente, se faz por meio de ajustes estruturais na economia. Estes ajustes, pelo menos num primeiro momento, têm acarretado um elevado custo social, que é pago, principalmente, pelo mais pobres.


5. E o ingresso na era pós-industrial?

* As novas tecnologias já não substituem apenas a força muscular de homens e animais. Elas - agora - através das máquinas inteligentes, substituem também boa parte do esforço cerebral humano. Está nascendo um novo mundo do trabalho marcado pela robótica, a telemática, a informática, os novos materiais e a biotecnologia.

* No interior desse quadro, o mercado de trabalho tende a tornar-se cada vez mais complexo, competitivo e reduzido em suas dimensões. As novas tecnologias possibilitam o aumento crescente da produção sem aumento ou até mesmo com crescente redução dos empregos. Em resumo, produção e emprego, daqui para a frente, estarão definitivamente desvinculadas uma da outra.


6. E a cultura pós-moderna?

* A cultura pós-moderna, segundo os estudiosos do tema, é o ambiente cultural da era pós-industrial e do mundo globalizado.

* A pós-modernidade, segundo Gastaldi, é marcada por alguns traços como a desconfiança da razão, a desaparição de dogmas convicções e princípios fixos, a fragmentação das cosmovisões, através da crise dos grandes relatos e a dissolução do sentido da história. Tudo isso levando a formas cada vez mais variadas e difusas de religiosidade, o distanciamento, em vez do conflito, entre jovens e adultos e, principalmente, a uma crise de valores sem precedentes. A busca do prazer imediato e o consumismo emergem como características emblemáticas desses novos tempos.


7. Qual a grande conseqüência social de tudo isso?

* A globalização e o ingresso na era pós-industrial podem ter como conseqüência um enorme crescimento da exclusão social, se a humanidade não for capaz de conciliar a agenda da transformação produtiva, que é econômica e técnico-científica, com a agenda da equidade social, que é essencialmente ético-política. E isto nos faz lembrar das palavras pre-figuradoras de André Malraux: “O século XXI será ético e espiritual ou não será.”


8. E como fica a educação diante de tudo isso?

* A educação está desafiada a encarar e vencer esses novos desafios. Ele já não pode mais reduzir-se apenas à transmissão de conhecimentos, habilidades e destrezas. Mais do que nunca - como diz Paulo Freire - é preciso que a pedagogia seja entendida como a teoria que implique os fins e os meios da ação educativa.

* E indagar acerca dos fins da educação é perguntar:

* Que tipo de homem queremos formar?

* Que tipo de sociedade para cuja construção queremos contribuir com nosso trabalho educativo?


9. Que tipo de homem queremos formar?

* Durante essa “era dos extremos”, que foi o século XX, o mundo capitalista pautou-se por um ideal de homem muito autônomo, porém, pouco solidário. Enquanto que os países socialistas cultivaram um homem compulsoriamente solidário e muito pouco autônomo.

* O desafio de construir um novo horizonte antropológico para a educação, nesta reta final do século e do milênio, tem levado muitos educadores a se voltarem para a formação do homem autônomo e solidário, aproveitando, assim, o melhor dos dois mundos. Os ideais de liberdade do Ocidente e os ideais de solidariedade, que inspiraram o mundo socialista.


10. E quanto à sociedade? Que tipo de sociedade devemos lutar por construir?

* No Brasil esta questão já está respondida no artigo 30 da nossa Constituição Federal:

Artigo 30: “Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.


11. E como fazer isso?

* Essa pergunta nos remete à questão dos meios da educação. Se quisermos transmitir valores às novas gerações, não deveremos nos limitar à dimensão dos conteúdos intelectuais, transmitidas através da docência, devemos ir além. Os valores devem ser, mais do que transmitidos, vividos. A inteligência não é a única via de acesso e expressão dos valores. Eles se manifestam quando sentimos, escolhemos, decidimos ou agimos nesta ou naquela direção.


12. No interior dessa visão, o que significa educar?

* Educar, de acordo com a visão aqui defendida, é criar espaços para que o educando possa empreender ele próprio a construção do seu ser, ou seja, a realização de suas potencialidades em termos pessoais e sociais.


13. Como fica a visão do educando no interior dessa pedagogia?

* O educando, no interior dessa visão, passa a ser visto, não como recipiente, mas como fonte autêntica de iniciativa, compromisso e liberdade.


14. Explique melhor.

* Fonte de iniciativa significa que o educando deve agir, ou seja, não deve ser apenas um expectador ou um receptor do processo pedagógico. Ele deve situar-se na raiz mesma dos acontecimentos, envolvendo-se na sua produção.

* Fonte de liberdade significa que o educando deve ter diante de si cursos alternativos de ação, deve decidir, fazer opções, como parte do seu processo de crescimento como pessoa e como cidadão.

* Fonte de compromisso significa que o educando deve responder pelos seus atos, deve ser conseqüente nas suas ações, assumindo a responsabilidade pelo que faz ou deixa de fazer.

* Esta concepção de educando nos leva, necessariamente, à formação do jovem autônomo, solidário e competente.


15. Neste contexto, o que significa competência?

* A palavra competência, aqui, não está empregada em seu sentido corriqueiro. Trata-se, efetivamente, de uma acepção mais ampla. Estamos falando de competência no sentido expresso no Relatório, que Jacques Delors, coordenando um grupo de quatorze grandes educadores, produziu para a UNESCO - EDUCAÇÃO UM TESOURO A DESCOBRIR. Este Relatório sustenta que a educação no século XXI deverá ser cada vez mais pluridimensional.


16. Por que a educação é vista como “um tesouro a descobrir?

* Este nome foi inspirado numa fábula de La Fontaine - O Lavrador e os Filhos - ou, mais precisamente, do seguinte trecho:

“Evitai, disse o lavrador, vender a herança
Que de nossos pais nos veio
Esconde um tesouro em seu seio.”

* Jacques Delors, no entanto, traindo um pouco o poeta, que pretendia fazer o elogio do trabalho, põe na sua boca as seguintes palavras:

“Mas ao morrer o sábio pai
Fez-lhe esta confissão
- O tesouro está na educação.”

* No limiar da civilização cognitiva na qual estamos adentrando, a educação deverá fornecer ao homem “a cartografia de um mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permita navegar através dele.”


17. Qual o sentido da palavra competência no relatório Jacques Delors?

* Mais do que acumular uma carga cada vez mais pesada de conhecimentos, o importante agora é estar apto para aproveitar, do começo ao fim da vida, as oportunidades de aprofundar e enriquecer esses primeiros conhecimentos num mundo em permanente e acelerada mudança.

* Para dar conta da missão que os tempos lhe impõem, a educação deve ser capaz de organizar-se em torno de quatro grandes eixos:

* Aprender a ser;

* Aprender a conviver;

* Aprender a fazer;

* Aprender a aprender.

* Estes segundo o relatório, são os quatro pilares da educação. A comissão reconhece que a educação escolar, que temos hoje, orienta-se basicamente para o conhecer e, em menor escala, para o fazer. As outras aprendizagens - ser e conviver - ficam a depender de circunstâncias aleatórias fora do âmbito do ensino estruturado.

* Daí, emergem as quatro competências, que o jovem, para ser autônomo, solidário e competente deverá desenvolver:

* Competência Pessoal (aprender a ser)

* Competência Social (aprender a conviver)

* Competência Produtiva (aprender a fazer)

* Competência Cognitiva (aprender a aprender)


18. Explicite melhor essa idéia.

* A idéia pode ser resumida em dois grandes objetivos:

1. Ampliar a educação ao conjunto da experiência humana (ser, conviver, fazer e conhecer);

2. Estendê-la ao longo de toda a vida, transcendendo os limites da instituição e da idade escolar.

* Assim, a educação no século XXI terá como fundamento quatro pilares, segunda o Relatório:

1. Aprender a Ser:

2. Aprender a Conviver:

3. Aprender a Fazer:

“Para melhor desenvolver a sua personalidade e estar à altura de agir em cada vez melhor capacidade de autonomia, de discernimento e de responsabilidade pessoal. Para isso, não negligenciar na educação nenhuma das capacidades de cada indivíduo: memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas e aptidão para comunicar.”

“Desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências - realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos - no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz.”

“Não somente para adquirir uma qualificação profissional, mas, duma maneira mais ampla, competências que tornem a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e trabalhar em equipe. Mas também, aprender a fazer, no âmbito das diversas experiências sociais ou de trabalho que se oferecem aos adolescentes e jovens, quer espontaneamente, fruto do contexto local ou nacional, quer formalmente, graças ao desenvolvimento do ensino alternado com o trabalho.”

4. Aprender a Conhecer:

“Combinando uma cultura geral suficientemente vasta, com a possibilidade de trabalhar em profundidade um pequeno número de matérias. O que significa aprender a aprender, para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a vida.”

* Estamos ainda muito longe - quando olhamos o que se passa em redor de nós no sistema de ensino - da perspectiva de uma educação assentada sobre os quatro pilares propostos no relatório. No entanto, é preciso ter claro que, mais do que a visão de um grupo de sábios, o Relatório exprime as exigências dos novos tempos e das novas circunstâncias em que seremos chamados a viver no século XXI.


19. Em que se baseia esta concepção de educação?

* A concepção de educação abraçada pela ONU neste limiar do século XXI tem por fundamento o Paradigma do Desenvolvimento Humano, que, desde 1990, vem sendo desenvolvido e difundido pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).


20. Em que consiste esse paradigma?

* Com base no Relatório sobre Desenvolvimento Humano no Brasil (PNUD/ IPEA/1996), podemos resumi-lo em dez pontos básicos:

1. O fundamento real do desenvolvimento humano é o universalismo do direito à vida;

2. Cada ser humano nasce com um potencial, que necessita de certas condições para se desenvolver;

3. O objetivo do desenvolvimento é criar um ambiente no qual todas as pessoas possam expandir suas capacidades;

4. Esse ambiente deve ainda oportunizar que a presente e as futuras gerações ampliem suas possibilidades;

5. A vida não é valorizada apenas porque as pessoas podem produzir bens materiais, nem a vida de uma pessoa vale mais que a de outra;

6. Cada indivíduo, bem como cada geração tem direito a oportunidades, que lhe permitam melhor fazer uso de suas capacidades potenciais;

7. A forma pela qual realmente são aproveitadas essas oportunidades e quais os resultados alcançados é um assunto que tem a ver com as escolhas que cada um faz ao longo de sua vida;

8. Todo ser humano deve ter possibilidade de escolha, agora, e no futuro;

9. Há uma necessidade ética de se garantir às gerações futuras condições ambientais pelo menos iguais às que gerações anteriores desfrutaram (desenvolvimento sustentável);

10. Esse universalismo torna as pessoas mais capazes e protege os direitos fundamentais (civis, políticos, sociais, econômicos e ambientais).


21. Qual a relação entre a educação pluridimensional e o Paradigma do Desenvolvimento Humano?

* A educação pluridimensional é a aplicação dos princípios ético-políticos desse paradigma ao desenvolvimento pessoal e social das novas gerações e também das gerações adultas, preparando o ser humano para viver e trabalhar numa sociedade moderna.


22. Qual o perfil exigido do jovem para trabalhar e viver na era pós-industrial, na sociedade do conhecimento?

* Os Códigos da Modernidade de Bernardo Toro e as Mega-Habilidades formuladas pela equipe do CLIE (Centro Latino-Americano de Investigações Educacionais) nos traçam prefigurações realistas do perfil exigido de cada ser humano, para trabalhar e viver numa sociedade moderna:

* Códigos da Modernidade (Bernardo Toro):

1. Domínio da Lecto-Escritura;

2. Capacidade de fazer cálculos e de resolver problemas;

3. Capacidade de compreender, analisar, interpretar e sintetizar dados, fatos e situações;

4. Compreender e operar seu entorno social;

5. Receber criticamente os meios de comunicação;

6. Acessar informações;

7. Trabalhar em grupo.

* Mega-Habilidades (CLIE):

1. Confiança: Sentir-se capaz de fazer;

2. Motivação: Querer fazer;

3. Esforço: Disposição de trabalhar duro. Superar dificuldades;

4. Responsabilidade: Fazer o que deve ser feito. Fazer correto;

5. Iniciativa: Passar da intenção à ação;

6. Perseverança: Terminar o começado;

7. Altruísmo: Sentir preocupação pelo outro;

8. Sentir Comum: Ter bons critérios ao avaliar e decidir;

9. Solução de Problemas: Por em ação o que sabe e o que é capaz de fazer.

* Os Códigos da Modernidade e as Mega-Habilidades são, portanto, reflexos das duas ordens de exigência (transformação produtiva e equidade social) sobre a educação do nosso tempo.


24. Essas competências e habilidades podem ser transmitidas através apenas da docência?

* É certo que não. Para criar os espaços necessários à eclosão das práticas e vivências capazes de permitir aos jovens exercitarem-se como fonte de iniciativa, liberdade e compromisso são necessários recursos pedagógicos de natureza distinta da aula. São necessários acontecimentos em que o jovem possa desempenhar um papel protagônico. Aqui, o discurso das palavras deve ser substituído pelo curso efetivo dos acontecimentos.


25. O que é, pois, protagonismo juvenil?

* O Protagonismo Juvenil, enquanto modalidade de ação educativa, é a criação de espaços e condições capazes de possibilitar aos jovens envolver-se em atividades direcionadas à solução de problemas reais, atuando como fonte de iniciativa, liberdade e compromisso.


26. De onde vem o termo protagonismo juvenil?

* Vem do grego. Proto quer dizer o primeiro, o principal. Agon significa luta. Agonista, lutador. Protagonista, literalmente, quer dizer o lutador principal. No teatro, o termo passouu a designar os atores que conduzem a trama, os principais atores. O mesmo ocorrendo também com os personagens de um romance.

* No nosso caso, ou seja, no campo da educação, o termo protagonismo juvenil designa a atuação dos jovens como personagem principal de uma iniciativa, atividade ou projeto voltado para a solução de problemas reais. O cerne do protagonismo, portanto, é a participação ativa e construtiva do jovem na vida da escola, da comunidade ou da sociedade mais ampla.


27. Toda participação implica em protagonismo por parte do jovem?

* Não. Existem formas de participação, que são a negação do protagonismo. A participação manipulada, a participação simbólica e a participação decorativa são forma, na verdade, de não-participação.


28. Quando a participação se torna genuína?

* A participação se torna genuína quando se desenvolve num ambiente democrático. A participação sem democracia é manipulação e, em vez de contribuir para o desenvolvimento pessoal e social do jovem, pode prejudicar a sua formação. Principalmente, quando se tem o propósito de formar o jovem autônomo, solidário e competente.


29. O que o jovem ganha com o protagonismo?

* A participação autêntica se traduz para o jovem num ganho de autonomia, autoconfiança e autodeterminação numa fase da vida em que ele se procura e se experimenta, empenhado que está na construção da sua identidade pessoal e social e no seu projeto de vida.


30. O que a sociedade ganha com o protagonismo dos jovens?

* A sociedade ganha em democracia e em capacidade de enfrentar e resolver problemas que a desafiam. A energia, a generosidade, a força empreendedora e o potencial criativo dos jovens é uma imensa riqueza, um imenso patrimônio que o Brasil ainda não aprendeu utilizar da maneira devida.



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PARTE II: ESTRUTURANDO AÇÕES DE PROTAGONISMO JUVENIL



31. Qual a primeira atitude do educador ao decidir utilizar o Protagonismo Juvenil?

* A adesão do educador à perspectiva metodológica do protagonismo juvenil deve traduzir-se num compromisso de natureza ética de respeito às possibilidades e limitações próprias da condição peculiar de desenvolvimento dos seus educandos, que, no caso, é a adolescência.


32. Além do compromisso ético, o que mais deve pautar a atuação do educador?

* Um vínculo claro da ação educativa com a democracia, a solidariedade e a participação. É anti-educativo mobilizar os jovens por causas que não sejam inequivocamente democráticas. O fim político do protagonismo juvenil é justamente elevar os níveis de participação democrática da população.


33. Quais são as etapas presentes na estruturação de qualquer ação de protagonismo?

a) Iniciativa da Ação:

Decidir se e o que deve ser feito diante de uma determinada situação-problema.

b) Planejamento da Ação:

Definir quem vai fazer o que, como, quando, onde e com que recursos.

c) Execução da Ação:

Por em prática aquilo que se planejou.

d) Avaliação:

Verificar se os objetivos foram atingidos, analisar o que deu certo, o que precisa ser evitado e o que precisa ser melhorado no desempenho do grupo.

e) Apropriação dos Resultados

Decidir coletivamente o que fazer com os resultados a quem atribuí-los e, no caso de resultados materiais e/ou financeiros, como utilizaá-los.


34. Que atitudes devem ser evitadas por parte do educador?

a) Privar os jovens de participação na decisão da ação a ser realizada.

b) Tentar “vender” para os jovens decisões já tomadas pelos adultos, sem dar-lhes opção de recusar ou propor alternativas.

c) Apresentar o problema, colher as sugestões do grupo e, depois, decidir sozinho o que fazer.

d) Deixar a decisão para o grupo, sem procurar orientar e esclarecer quando as dificuldades surgirem.


35. Quais são os padrões de relacionamento mais comuns entre adultos e adolescentes no curso de uma ação protagônica?

* Dependência:

Os educadores assumem a direção das ações, cabendo aos adolescentes apenas segui-las e obedecê-las, atuando sob sua tutela.

* Colaboração:

Educandos e educadores compartilham, através de discussões, reflexões conjuntas e decisões partilhadas todas as etapas do desenvolvimento de uma ação protagônica.

* Autonomia:

Estágio avançado de protagonismo no qual os educandos já se desimcubem de todas as etapas de uma ação protagônica sem que seja necessário o envolvimento dos educadores.


36. Como deve ser o papel do educador diante dos jovens?

a) O educador deve ajudar os jovens a identificar a situação-problema e posicionar-se diante dela.

b) Empenhar-se no sentido de que o grupo não desanime e nem se desvie dos objetivos propostos.

c) Favorecer o estabelecimento de vínculos entre os membros do grupo, fortalecendo a coesão grupal.

d) Motivar o grupo a avaliar constantemente a ação e, quando necessário, replanejá-la em conjunto.

e) Zelar permanentemente para que a iniciativa dos jovens seja compreendida e aceita por outros jovens e pelo mundo adulto.

f) Cuidar pela manutenção de um clima de entusiasmo e dedicação no interior dos grupos.

g) Colaborar na avaliação das ações desenvolvidas, ajudando os jovens a introduzir os ajustes necessários.


37. Qual deve ser o perfil básico do educador para atuar junto aos jovens em ações de protagonismo juvenil?

a) Ter convicções sólidas a respeito da importância da participação dos jovens na solução de problemas reais na escola e na comunidade;

b) Conhecer os elementos básicos da dinâmica e funcionamento dos grupos;

c) Ter algum conhecimento sobre a situação-problema a ser enfrentada;

d) Ter alguma experiência como participante ou animador de atividades de trabalho em grupo;

e) Ser capaz de administrar as oscilações de comportamento freqüente entre os jovens: conflitos, passividade, indiferença, agressividade e destrutividade;

f) Ter controle sobre seus sentimento e reações;

g) Estar aberto para acolher e compreender as manifestações verbais e não-verbais emitidas pelo grupo.

h) demonstrar-se capaz de respeitar a dignidade, o dinamismo e a identidade de cada um dos membros do grupo.


38. Porque é importante que os jovens participem na elaboração do projeto?

* Porque, ao fazê-lo de forma democrática e participativa, a equipe juvenil adquire mais confiança em si mesma e na sua capacidade de intervir construtivamente em seu entorno social.


39. Que cuidados devem ser tomados antes de iniciar a ação planejada?

* Em primeiro lugar deve-se procurar analisar a situação sobre a qual se quer intervir, reunindo os dados e informações disponíveis.

* Em seguida, o projeto deve ser explicado pelos próprios jovens a todos aqueles que serão afetados pelas atividades a serem desenvolvidas.


40. Que perguntas básicas devem ser claramente respondidas quando se planeja uma ação protagônica?

* O que pretendemos fazer?

* Quando começará a ação e quanto temo será consumido na sua realização?

* Onde ocorrerão as atividades planejadas?

* Quem ficará responsável?


41. Pelo que em cada etapa do trabalho a ser realizado?

* Como as atividades serão organizadas e encadeadas para se atingir o fim previsto?

* Quanto, em termos de recurso materiais, financeiros e humanos será necessário para o desenvolvimento das ações previstas?



[topo]



ROTEIRO SIMPLIFICADO DE ELABORAÇÃO DE UM PROJETO




a. Apresentação:

Inicia-se com a capa onde deverá constar o título e subtítulo (se houver) do projeto, o nome da entidade ou grupo responsável, local e data. Da primeira página deverá constar o nome dos responsáveis pelo projeto e suas respectivas funções.


b. Objetivos:

Procede-se a uma enunciação clara e concisa do que se espera alcançar;

Os objetivos devem ter uma relação clara com o que está colocado nos problemas ou necessidades.


c. Justificativa:

Procura responder à questão POR QUE através dos dados e informações disponíveis sobre a realidade onde se quer intervir. É a descrição do problema que originou o projeto.


d. Atividades Previstas:

Descrição das ações a serem desenvolvidas;

Os meios a serem utilizados;

A definição das responsabilidades de cada um na execução do que foi planejado.


e. Recursos:

Elencar todos os requisitos em termos de espaços físicos, materiais, dinheiro e pessoas necessários para viabilizar as ações previstas.


f. Cronograma:

O cronograma dividirá a execução do projeto em fases ou etapas e estabelecerá o tempo previsto para sua realização.


g. Avaliação do Projeto:

A avaliação do projeto poderá ocorrer em três momentos:

1. Avaliação Diagnóstica (antes da execução).

É o momento em que se faz a coleta de dados e informações com a finalidade de se levantar a situação - problema e as condições existentes para o seu enfrentamento. Como: pessoas, conhecimentos, espaços físicos para trabalhar, equipamentos e dinheiro.

2. Avaliação Formativa (durante a execução).

É o acompanhamento sistemático do desenvolvimento das ações, a detecção de atrasos e falhas e a sua correção no curso mesmo do processo de execução.

3. Avaliação Somativa (após a execução).

Verifica se o projeto atingiu ou não os objetivos perseguidos. Detecta o mérito, a relevância e o impacto sobre a situação das ações desenvolvidas, destacando os pontos positivos e negativos, produzindo, assim, os elementos para se estabelecer um juízo de valor acerca do trabalho realizado.

Quando se trata de projetos de protagonismo juvenil, o acerto e o erro têm valor positivo, pois ambos podem ser usados para alimentar e retro-alimentar o processo de aprendizagem, crescimento e desenvolvimento dos jovens, como pessoas e como cidadãos.



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Antonio Carlos Gomes da Costa é educador e autor de diversos livros. Através de sua empresa, a Modus Faciendi (www.modusfaciendi.com.br), com sede em Belo Horizonte, MG, presta consultoria a diversas instituições do Terceiro Setor, entra as quais o Instituto Ayrton Senna, do qual é o principal consultor.


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"Sofro bullying na escola por ser negra"

BULLYING
"Sofro bullying na escola por ser negra"

Conheça a história da menina que sofre com o racismo na escola - e saiba como o seu filho pode agir se estiver sofrendo esse tipo de bullying também

02/08/2011 17:30
Texto Isabela Noronha
Foto: Dreamstime

É preciso estar atento a qualquer tipo de comportamento que possa ser considerado bullying



"Sou negra e, por isso, sofro bullying na escola: a maioria dos meus colegas é branca! Meninos de todas as séries me chamam de apelidos horríveis e ficam gritando xingamentos racistas para mim no recreio. Uma vez, até me bateram. Eu fico quieta porque tenho medo de responder e eles continuarem falando besteira. Quando isso acontece, fico muito triste e, às vezes, até choro. É sempre o mesmo grupo de meninos e meninas que faz isso comigo. Tenho certeza de que eles fazem isso só para me deixar com raiva. O que mais pesa é que acho que essas pessoas só olham a aparência. Elas não se preocupam em saber como eu sou, se tenho sentimentos, se vou sofrer... Para eles, nada disso importa! O que eu posso fazer?"

A.C., 15 anos


1. Identificar se é bullying

Xingar, dar apelidos ou discriminar alguém por ser negro é racismo. Quando isso acontece uma vez só, é horrível, mas não é bullying. Essa zoação do mal só pode ser classificada assim se rola com frequência e parte de um grupo contra uma garota, como é com a A.

2. Pedir medidas específicas

A criança ou adolescente deve saber que, para combater o bullying, a melhor medida é buscar apoio, com os amigos e um adulto de confiança, e pedir medidas à diretoria. Mas uma garota alvo de racismo deve ainda propor à escola que combata especificamente o preconceito em palestras e outras atividades. Quando o bullying é tratado de forma muito geral, há o risco de a galera não entender o recado e a zoação continuar.

3. Denunciar

Preconceito racial é crime no Brasil. Por isso, bullying ou não, não deixe passar batido. Se o seu filho sofrer esse tipo de violência ou vir isso rolando, incentive-o a falar com a diretoria ou ir a uma delegacia. Menores de idade que têm atitudes racistas podem sofrer punições, que vão desde uma advertência até internação por três anos.

Consciência Negra na Lei

Em 2003, a lei nº 10.639/03, tornou obrigatório o ensino da História e da Cultura Afro-Brasileira em todas as escolas de ensino fundamental e médio do país. A imposição se aplica a instituições públicas e privadas. A partir da sanção dessa lei, as escolas brasileiras passaram a ter que implementar o ensino da cultura africana, da luta do povo negro no país e de toda a história afro-brasileira nas áreas social, econômica e política. O conteúdo deve ser ministrado transversalmente, em todo o currículo escolar, com ênfase nas áreas de História Brasileira, Educação Artística e Literatura. "Essa lei é uma reivindicação muito antiga e altera a Lei de Diretrizes e Bases", afirma Roseli Fischmann, coordenadora do grupo responsável pelo documento sobre Pluralidade Cultural dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), professora da USP e da Universidade Metodista de São Paulo. "A legislação faz justiça à contribuição que esse grupo esquecido, mas importante, deu ao país", explica ela, que também é expert da Unesco para a Coalizão Internacional de Cidades contra o Racismo e a Discriminação. Segundo Roseli, a lei é um passo importante para o reconhecimento presença histórica dos negros no Brasil e no combate ao racismo. "Uma das formas de discriminar um grupo é silenciá-lo, tornando-o invisível. Isso aumenta o desconhecimento e estimula o preconceito e ignorância".

Consciência Negra na Literatura Infanto Juvenil

Inserir a temática negra no currículo escolar é uma forma de combater a discriminação, apontam especialistas. Pais e professores também podem ajudar a reforçar a identidade cultural de crianças e jovens negros escolhendo livros e brinquedos com essa temática. "Esses materiais didáticos podem ser introduzidos na primeira infância, quando a criança começa a brincar", diz Oswaldo, da Metodista. Assim a criança vai automaticamente entender e até apreciar as diferenças. "É preciso naturalizar esse processo", conclui.

Veja a seguir uma lista de livros para crianças com protagonistas negros.

Menina Bonita do Laço de Fita
Autor: Ana Maria Machado
Faixa Etária: a partir dos 3 anos
A autora coloca em cena, através da história de um coelho branco que se apaixona por uma menina negra, alguns assuntos muito debatidos nos dias de hoje, como a auto-estima das crianças negras e a igualdade racial.

Luana, A Menina Que Viu O Brasil Neném
Autores: Oswaldo Faustino, Arthur Garcia e Aroldo Macedo
Faixa Etária: 4 a 8 anos
O livro conta a história de Luana, uma menina de 8 anos que adora lutar capoeira, e a historia do descobrimento do Brasil. Ao lado de seu berimbau mágico, ela leva o leitor a outras épocas e lugares e mostra o quão rica é a cultura brasileira, além da importância das diferentes etnias existentes por aqui.

Tudo Bem Ser Diferente
Autor: Todd Parr
Faixa Etária: 4 a 8 anos
A obra ensina as crianças a cultivar a paz e os bons sentimentos. O autor lida com as diferenças entre as pessoas de uma maneira divertida e simples, abordando assuntos que deixam os adultos sem resposta, como adoção, separação de pais, deficiências físicas e preconceitos raciais.

O Menino Marrom
Autor: Ziraldo
Faixa Etária: a partir de 7 anos
O Menino Marrom conta a historia da amizade entre dois meninos, um negro e um branco. Através da convivência aventureira dessas crianças ao longo de suas vidas, o autor pontua as diferenças humanas, realçando os preconceitos em alguns momentos.

Diversidade
Autor: Tatiana Belinky
Faixa etária: 8 a 12 anos
O livro mostra, através de versos, porque é importante sermos todos diferentes. A autora fala que não basta reconhecer que as pessoas não são iguais, é preciso saber respeitar as diferenças.

O que é o dia da consciência Negra?

O que é o Dia da Consciência Negra? Celebrado no dia 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra homenageia e resgata as negras raízes do povo brasileiro. Escolhido por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, ele é dedicado à reflexão sobre presença do negro na sociedade brasileira. "O Dia da Consciência Negra sinaliza a ideia do marco, marca o valor da conquista da liberdade deste grupo", explica Roseli Fischmann, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Metodista, de São Bernardo do Campo, na região metropolitana da capital paulista.

O dia da Consciência Negra também põe em pauta a importância de discutir a temática negra na escola. A inclusão de assuntos ligados à África e ao povo negro na educação formal é uma das estratégias para reconhecer a presença desse grupo na história do Brasil - os negros correspondem a 6,8% da população brasileira segundo o IBGE, mas os chamados "pardos" chegam a um número próximo da metade da população brasileira. Não à toa, escolas e instituições diversas já reconhecem a importância de trabalhar a cultura negra em seu dia a dia.

Hoje, a lei brasileira obriga as escolas a ensinarem temas relativos à história dos povos africanos em seu currículo. Além disso, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) estabelecem que a diversidade cultural do país deve ser trabalhada no âmbito escolar. "A sociedade em que vivemos valoriza outro estereótipo, o que resulta na invisibilização do negro. Isso tem um efeito bastante perverso: as crianças negras nunca se vêm e o que elas olham é sempre diferente delas", explica Roseli, que coordenou o grupo responsável pelo documento sobre Pluralidade Cultural nos PCNs. "A pluralidade cultural é um tema que pode ser abordado de forma transversal, em várias disciplinas", conclui. Estratégias simples, como a introdução de bonecas negras, podem ter um efeito positivo para reforçar a identificação cultural dos alunos negros. "Revelar a África pela própria visão africana também surte efeito. O continente produz cultura, histórias e mitologia, o que a perspectiva eurocêntrica não nos deixa ver", diz Oswaldo de Oliveira Santos Junior, pesquisador do Núcleo de Educação em Direitos Humanos da Universidade Metodista de São Paulo.

Veja a seguir como pais e professores podem fazer sua parte na valorização da Consciência Negra.

Leia mais: Filme que traça panorama da história dos negros no Brasil ajuda professores a abordarem a cultura africana na escola

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O USO DE MAPAS CONCEITUAIS EM SALA DE AULA
Faustina Loss Justo


Faustina Loss Justo

Agente Técnica do Instituto Ayrton Senna



O mapa conceitual é uma forma de representar graficamente o conhecimento que temos de determinada temática a partir de conceitos ou palavras-chave, representando, assim, o conjunto de significações que construímos sobre tal assunto.
Ou seja, o mapa conceitual, é uma estratégia que possibilita fotografar a representação do conhecimento do aluno desde seu ponto inicial até as modificações em suas várias versões. Dessa forma, os mapas podem expressar certezas e, também, dúvidas na medida em que essas representam um conhecimento provisório e as transformações no percurso da aprendizagem.

Novak é considerado o criador dos mapas conceituais e se baseou na teoria da aprendizagem significativa de Ausubel.

Existem diversas concepções de mapas conceituais e por trás de cada uma delas está uma determinada concepção de aprendizagem. Para o Programa Escola Conectada, do Instituto Ayrton Senna, o uso de mapas conceituais implica em uma concepção de aprendizagem centrada no aluno, ou seja, o aluno é percebido como um ser ativo, autônomo e protagonista.

Assim, ao construir um mapa conceitual, o aluno está fazendo um exercício mental e, consequentemente, desenvolvendo competências, ou seja, analisando, selecionando, relacionando, inferindo…
Entendemos assim que o MC é uma estratégia que permite ao aluno representar graficamente suas ideias e estabelecer ligações entre elas. Além de possibilitar ao professor ter acesso às relações que os alunos estabelecem no pensamento, acompanhando assim o percurso de sua aprendizagem, analisando e compreendendo como o aprendiz opera mentalmente com os conceitos trabalhados no Mapa.

Portanto, como uma ferramenta de aprendizagem, a construção do mapa conceitual possibilita ao aluno:
Resolver problemas ao tomar decisões, por exemplo.
Desenvolver habilidades de leitura e escrita ao coletar, selecionar e registrar dados.
Refletir sobre informações e conceitos ao construir argumentações para defender seu ponto de vista.
Estabelecer relações entre conceitos ao elaborar as proposições.
Selecionar, analisar, compreender e relacionar informações ao buscar e conferir informações.
Definir, comparar e explicar conceitos ao construir argumentação.
Registrar graficamente conhecimentos ao representar o conhecimento no MC.
No entanto, a intervenção do professor no Mapa Conceitual do aluno é necessária para:

· Compreender o que o aluno dispôs no mapa,
· Ajudar o aluno a aperfeiçoar a representação de seu conhecimento na construção das proposições e aprender mais
· Propor estratégias de mediação.

Ao intervir no MC do aluno devemos considerar:
· A importância da análise da forma e do conteúdo explicitado para auxiliar o aluno a entender porque se faz um mapa e como se deve construí-lo. Então, a primeira intervenção do professor diz respeito a observar se o aluno, de fato, selecionou conceitos e, caso não tenha conseguido, indagá-lo sobre que palavras são fundamentais no entendimento do assunto sobre o qual está construindo o mapa.

· O segundo aspecto remete à importância da verbalização para o aperfeiçoamento e a compreensão do explicitado no mapa. Ao indagar, o professor dá indicações ao aluno de que perguntas, a partir do mapa, precisam ser respondidas para que realmente compreenda o assunto em foco. Muitas vezes, os alunos não se dão conta sozinhos de que faltam informações no mapa e que algumas proposições podem relacionar-se a outras,
Por outro lado, somente observando, podemos não entender a lógica do aluno. É preciso perguntar para compreender porque o aluno relacionou alguns conceitos e não outros, porque utilizou determinado verbo e outro não e como o autor explica as proposições construídas.

· Outro aspecto a considerar é a possibilidade de promover a construção de novas versões do MC. Afinal o nosso entendimento sobre as coisas evoluem e se transformam à medida que conhecemos mais. Portanto, é muito importante que o professor estimule o aluno a construir uma nova versão do MC, a fim de que o aluno tenha a chance de reelaborar suas ideias, complementá-las, ampliá-las ou modificá-las.

É importante lembrar que:
· O mapa pode apresentar-se de uma forma simples e ser estruturado de forma bastante pessoal. O que importa é que sempre comporta novas ligações, podendo ser ampliado e modificado a qualquer nova versão, levando-se em conta que nosso conhecimento se amplia e evolui.
· Não existem relações erradas no mapa conceitual, pois elas representam o entendimento que temos em determinada etapa de seu desenvolvimento.

Ao analisar o formato/estrutura podemos identificar os elementos que constituem um MC. Vejamos no exemplo da primeira versão de um Mapa Conceitual, cuja
temática é banana:


· Os conceitos aparecem dentro das caixinhas e os verbos interceptando as linhas que unem os conceitos, fazendo as relações e expressando uma proposição (conceito – verbo – conceito).
· Na relação entre os conceitos as setas estabelecem as relações que indicam as proposições do autor. As setas podem ou não ter duplo sentido.
· Os conceitos são representados por substantivos, os quais expressam com mais clareza nossas ideias.
· Quanto aos verbos (ações), o ideal é que apareçam no Modo Indicativo, pois expressam atitude de certezas, auxiliando o leitor a entender a relação estabelecida pelo autor do mapa.
· O MC pode ser lido em qualquer sentido, pois as relações não são hierárquicas e nem partem sempre em sequência. O mapa pode ser um emaranhado de relações, uns conceitos se relacionando a outros.
· Por último gostaria de lembrar que o MC sempre está aberto para ser modificado, ampliado, para novas interpretações, ou seja, para novas aprendizagens.

O Cmaps Toolls é um programa próprio para fazer MC e pode ser baixado gratuitamente no endereço http://cmap.ihmc.us/download/index.php

Para baixar o programa é requisitado efetuar um cadastro no site do desenvolvedor. Para isso é só preencher alguns campos e poderá baixar o programa.

Bibliografia
· DUTRA, Ítalo Modesto. Mapas conceituais e uma proposta de categorias construtivistas para seu uso na avaliação da aprendizagem. Salto para o Futuro, programa 5 Novas formas de aprender, novas formas de avaliar, do Salto para o futuro. Disponível em http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2005/nfa/tetxt5.htm

· Instituto Ayrton Senna. Escola Conectada: Guia para Educadores.

· LACERDA, Rosália Procasko. A intervenção do professor nos mapas conceituais dos alunos. Disponível em http://www.educacaoetecnologia.org.br/escolaconectada/?p=214



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domingo, 7 de agosto de 2011

O direito à diferença nas escolas

Maria Teresa Eglér Mantoan


Pautadas para atender a um aluno idealizado e ensinando a partir de um projeto escolar elitista, meritocrático e homogeneizador, as escolas produzem quadros de exclusão que têm, injustamente, prejudicado a trajetória educacional de muitos estudantes.
Por processos compensatórios e de normalização as escolas comuns e especializadas proclamam o seu poder e propõem sutilmente, com base em características devidamente selecionadas como positivas, a eleição arbitrária de uma identidade “normal” que regula as suas práticas educativas e a promoção de seus alunos.
Contrariar a perspectiva de uma escola que se pauta por esses padrões conceptuais e organizacionais é fazer a diferença, reconhecê-la e valorizá-la.
Somos diferentes de fato e queremos ser, agora, diferentes de direito, na escola e fora dela. Pautamo-nos pelo direito de ser, sendo diferentes.(Pierucci, 1991).Vale, contudo, a ressalva de sermos iguais, quando a diferença nos inferioriza e de sermos diferentes, quando a igualdade nos descaracteriza.(Souza Santos, 1995)
Conviver, reconhecendo e valorizando as diferenças é uma experiência essencial à nossa existência, e um caminho para que se ensine a paz, a solidariedade entre as pessoas. Mas, é essencial que definamos a natureza dessa convivência, distinguindo o estar com o outro do estar junto ao outro.
Estar junto ao outro tem a ver com o que o outro é – um ser que não é como eu sou, que não sou eu. Essa relação forja uma identidade, imposta e forjada e rotulada pelo outro.
Estar com o outro tem a ver com quem é esse outro, esse desconhecido, um enigma, que tenho de decifrar, e que vai sendo desvelado, na medida em que se constrói entre nós um vínculo, pelo qual nos confrontamos, nos identificamos e nos constituímos como seres singulares e mutantes. (Silva,2000)
No desejo de assegurar a homogeneidade das turmas escolares, destruíram-se muitas diferenças que consideramos valiosas e importantes, hoje, nas salas de aula e fora delas.
Mas a identidade fixa, estável, acabada, própria do sujeito cartesiano unificado e racional está em crise (Hall, 2000) e a idéia de uma identidade móvel, volátil é capaz de desconstruir o sistema de significação excludente, elitista da escola atual, com suas medidas e mecanismos arbitrários de produção da identidade e da diferença.
Se o mote é uma educação para a paz, temos, então, de assumir uma posição contrária à perspectiva da identidade “normal”, que justifica a falsa uniformidade das turmas escolares.
A diferença é, pois, o conceito que se impõe para que possamos defender a tese de uma escola para todos.
De certo que as identidades naturalizadas dão estabilidade ao mundo social, mas a mistura, a hibridização, a mestiçagem as desestabilizam, constituindo uma estratégia provocadora, questionadora e transgressora de toda e qualquer fixação da identidade. (Silva 2000; Serres 1993)
A escola tem resistido a mudanças exigidas por uma abertura incondicional às diferenças, porque as situações que promovem esse desafio e mobilizam os educadores a rever e recriar suas práticas e a entender as novas possibilidades educativas trazidas pela inclusão estão sendo constantemente neutralizadas por políticas educacionais, diretrizes, currículos, programas compensatórios (reforço, aceleração entre outros). Esta saída tem permitido às escolas escaparem pela tangente e a se livrarem do enfrentamento necessário com sua organização pedagógica excludente e ultrapassada.

Diferença e deficiência

Temos de estar sempre atentos porque, mesmo sob a garantia do direito de todos à educação, a diferença pode ser lançada na vala comum dos preconceitos, da discriminação, da exclusão.
Inúmeras propostas educacionais, que defendem e recomendam a inclusão, continuam a diferenciar alunos pela deficiência, o que está previsto como desconsideração aos preceitos da Convenção da Guatemala, assimilada pela nossa Constituição/88, em 2001 e que deixa clara a impossibilidade de diferenciação com base na diferença, definindo a discriminação como toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência.[...] que tenha o efeito ou propósito de impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício por parte de pessoas com deficiência de seus direitos humanos e suas liberdades fundamentais ( art.I, nº 2, “a”). De acordo com o princípio da não discriminação, trazido por essa Convenção, admitem-se as diferenciações com base na deficiência apenas com o propósito de permitir o acesso ao direito e não para se negar o exercício dele!
A Constituição de 88 celebrou o direito de todos à educação e acrescentou às pessoas com deficiência o direito ao “atendimento educacional especializado”. Esse atendimento é complementar ao ensino escolar e assegura aos alunos com deficiência as condições que lhes são indispensáveis para que tenham acesso e freqüência à escolaridade, em escolas comuns.
A diferenciação pela deficiência, neste caso, não é discriminante porque o “atendimento educacional especializado” visa à remoção de obstáculos que impedem esses alunos de acompanhar as aulas nas turmas comuns. O ensino da Língua Portuguesa, como segunda língua para os surdos, as noções de mobilidade e de locomoção para cegos e outros conhecimentos específicos são exemplos dessa diferenciação.
Mas o encaminhamento direto de alunos com deficiência de escolas comuns para escolas especiais além de ser uma diferenciação pela deficiência, desrespeita o direito indisponível de todos à educação, dado que o ensino especial é uma modalidade que perpassa todos os níveis de ensino – das etapas do básico às do superior, mas não pode substituí-los!

Adaptar ou mudar as práticas escolares?

Grande parte dos professores das escolas comuns e especializadas e de profissionais da área clínica acreditam que ensino escolar individualizado e adaptado é o ideal e o mais adequado para atender em suas necessidades escolares, aos que têm dificuldades de aprender e aos alunos com deficiência, principalmente quando se trata de educandos com deficiência mental. Os grupos dos alunos mais fracos, que não conseguem acompanhar o restante da turma, e até mesmo os dos mais fortes e adiantados são redutos de excluídos e neles, via de regra, ficam limitadas as possibilidades de progresso no aprendizado escolar.
Toda adaptação escolar predefinida pelo professor ensina o aluno a ser dependente, limitado, reativo, negando-lhe a oportunidade de construir conhecimentos, segundo as suas capacidades, como nos garante a Constituição em seu artigo 208, V. É ainda uma maneira de manter a velha fórmula de decidir pelo outro, de impor-lhe um padrão de normalidade, de superioridade ou de inferioridade estabelecidos por relações de poder/saber hegemônicas, que controlam de fora o que o aluno pode ou não pode ser, aprender e conhecer.
Adaptar o ensino para alguns alunos de uma turma não conduz a uma transformação pedagógica das escolas, exigida pela inclusão. Esta inovação implica em uma mudança de paradigma educacional, que gera uma reorganização das práticas escolares: planejamentos, formação de turmas, currículo, avaliação, gestão do processo educativo.
Baseada nos propósitos e procedimentos de ensino que decidem “o que falta” ao aluno de uma turma de escola comum, a adaptação funciona como um processo regulador externo da aprendizagem. Em outras palavras, quando adaptamos currículos, selecionamos atividades e formulamos provas diferentes para alunos com deficiência e/ou dificuldade de aprender, interferimos de fora, submetemos esses alunos ao que supomos que eles sejam capazes de avançar, de se desenvolver e assim perpetuamos o ensino segregado, a discriminação e a diferenciação pela deficiência.
Na versão inclusiva, a adaptação é testemunho de emancipação intelectual e conseqüência do processo de auto-regulação da aprendizagem, em que o aluno assimila o novo conhecimento, de acordo com suas possibilidades de incorpora-lo ao que já conhece.
Entender este sentido emancipador da adaptação intelectual é importante, pois muitos confundem adaptação com o que é exigido dos alunos na modalidade de inserção conhecida como “integração escolar”, na qual os alunos com precisam se adaptar às exigências da escola para não serem excluídos e/ou encaminhados a serviços de educacionais segregados, onde se preparam para poder cursar a escola comum! Surgem daí equívocos que justificam a “adaptação curricular” e outros aparatos pedagógicos limitantes, que não caminham na direção de um ensino verdadeiramente inclusivo, pois conservam o propósito anterior de prever “o que falta ao aluno”, de prejulgar suas possibilidades de aprendizado.
Nunca é demais lembrar que aprender é uma ação humana criativa, individual heterogênea e regulada pelo sujeito da aprendizagem, independentemente de sua condição intelectual ser mais ou ser menos privilegiada. São as diferentes idéias, opiniões, níveis de compreensão que nos enriquecem e que clareiam o nosso entendimento – essa diversidade deriva das formas singulares de nos adaptarmos cognitivamente a um dado conteúdo e da possibilidade de nos expressarmos abertamente. Ensinar, por sua vez é um ato coletivo e homogêneo, que o professor realiza, disponibilizando a todos um mesmo conhecimento.
Ao invés de se resistir à inclusão, declarando-se despreparada para atender a todos os alunos, amparada na “pseudo-necessidade” de adaptar e individualizar/diferenciar o ensino para alguns, a escola comum deveria estar recriando suas práticas, mudando suas concepções, revendo seu papel e reconhecendo e valorizando as diferenças.
Pelo direito de ser, sendo diferente, o aluno com e sem deficiências, já deveria estar vivendo a liberdade de aprender, tendo o reconhecimento e a valorização de seus mestres pelo que conseguisse construir no domínio intelectual, segundo suas possibilidades.
Assegurar o direito à diferença é ensinar a incluir e, se a escola não tomar para si esta tarefa, a sociedade continuará perpetuando a exclusão nas suas formas mais sutis e mais selvagens e, certamente, a paz será apenas um sonho inatingível e a educação, um processo a mais, que nos desumaniza e embrutece.

Referências bibliograficas:

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade; trad. Tomás T. da Silva e Guacira L. Louro. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

MORIN, Edgard.A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

SANTOS, Boaventura de Souza. Entrevista com Prof. Boaventura de Souza Santos. (On line). Disponível: http://www.dhi.uem.br/jurandir/jurandir-boaven1.htm, 1995.

SERRES, Michel. Filosofia Mestiça: le tiers – instruit. Trad. Maria Ignez D. Estrada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1993.

SILVA, Tomás Tadeu da. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis/RJ: Vozes, 2000.

PIERUCCI, Antonio. Flávio.As ciladas da diferença.São Paulo: Editora 34, 1999.

In: http://styx.nied.unicamp.br:8080/todosnos/acessibilidade/textos/revistas/DireitoADiferencaEscolas.doc/view Acesso em 03/05/2010 20:00hs