domingo, 13 de novembro de 2011

Protagonismo Juvenil - O que é e como praticá-lo -

Protagonismo Juvenil
- O que é e como praticá-lo -



Antonio Carlos Gomes da Costa



“Tu me dizes, eu esqueço.
Tu me ensinas, eu lembro.
Tu me envolves, eu prendo.”

Benjamim Franklin





Parte I - Conceitos Básicos: Juventude, Educação e Mudança

Parte II - Estruturando Ações de Protagonismo Juvenil

Roteiro Simplificado de Elaboração de um Projeto





PARTE I: CONCEITOS BÁSICOS: JUVENTUDE, EDUCAÇÃO E MUDANÇA



1. Qual o grande desafio da educação nesta reta final de século e de milênio?

* Segundo Ítalo Gastaldi, o grande desafio da educação nos dias de hoje reside na questão dos valores, ou seja, na capacidade de as gerações adultas possibilitarem aos jovens identificar, incorporar e realizar os valores positivos construídos ao longo da evolução da história humana.


2. Por que esta tarefa tornou-se tão desafiadora e complexa em nosso tempo?

* Porque - precisamente agora - estamos vivendo num mundo marcado por uma série de dinamismos, que, tomados em conjunto, configuram o ingresso da humanidade numa nova etapa do processo civilizatório.


3. Que dinamismos são esses?

* No plano econômico, a globalização dos mercados. No plano tecnológico, o ingresso na era pós-industrial e, no plano sócio-cultural, a chamada pós-chamada.


4. Quais são as conseqüências desses dinamismos para o cotidiano social dos jovens?

* São muitas e bastante diversificadas. A globalização dos mercados, por exemplo, exige que cada país, para inserir-se de forma competitiva na economia internacional, eleve dramaticamente seus níveis de produtividade e qualidade na produção de bens e serviços. Isto, frequentemente, se faz por meio de ajustes estruturais na economia. Estes ajustes, pelo menos num primeiro momento, têm acarretado um elevado custo social, que é pago, principalmente, pelo mais pobres.


5. E o ingresso na era pós-industrial?

* As novas tecnologias já não substituem apenas a força muscular de homens e animais. Elas - agora - através das máquinas inteligentes, substituem também boa parte do esforço cerebral humano. Está nascendo um novo mundo do trabalho marcado pela robótica, a telemática, a informática, os novos materiais e a biotecnologia.

* No interior desse quadro, o mercado de trabalho tende a tornar-se cada vez mais complexo, competitivo e reduzido em suas dimensões. As novas tecnologias possibilitam o aumento crescente da produção sem aumento ou até mesmo com crescente redução dos empregos. Em resumo, produção e emprego, daqui para a frente, estarão definitivamente desvinculadas uma da outra.


6. E a cultura pós-moderna?

* A cultura pós-moderna, segundo os estudiosos do tema, é o ambiente cultural da era pós-industrial e do mundo globalizado.

* A pós-modernidade, segundo Gastaldi, é marcada por alguns traços como a desconfiança da razão, a desaparição de dogmas convicções e princípios fixos, a fragmentação das cosmovisões, através da crise dos grandes relatos e a dissolução do sentido da história. Tudo isso levando a formas cada vez mais variadas e difusas de religiosidade, o distanciamento, em vez do conflito, entre jovens e adultos e, principalmente, a uma crise de valores sem precedentes. A busca do prazer imediato e o consumismo emergem como características emblemáticas desses novos tempos.


7. Qual a grande conseqüência social de tudo isso?

* A globalização e o ingresso na era pós-industrial podem ter como conseqüência um enorme crescimento da exclusão social, se a humanidade não for capaz de conciliar a agenda da transformação produtiva, que é econômica e técnico-científica, com a agenda da equidade social, que é essencialmente ético-política. E isto nos faz lembrar das palavras pre-figuradoras de André Malraux: “O século XXI será ético e espiritual ou não será.”


8. E como fica a educação diante de tudo isso?

* A educação está desafiada a encarar e vencer esses novos desafios. Ele já não pode mais reduzir-se apenas à transmissão de conhecimentos, habilidades e destrezas. Mais do que nunca - como diz Paulo Freire - é preciso que a pedagogia seja entendida como a teoria que implique os fins e os meios da ação educativa.

* E indagar acerca dos fins da educação é perguntar:

* Que tipo de homem queremos formar?

* Que tipo de sociedade para cuja construção queremos contribuir com nosso trabalho educativo?


9. Que tipo de homem queremos formar?

* Durante essa “era dos extremos”, que foi o século XX, o mundo capitalista pautou-se por um ideal de homem muito autônomo, porém, pouco solidário. Enquanto que os países socialistas cultivaram um homem compulsoriamente solidário e muito pouco autônomo.

* O desafio de construir um novo horizonte antropológico para a educação, nesta reta final do século e do milênio, tem levado muitos educadores a se voltarem para a formação do homem autônomo e solidário, aproveitando, assim, o melhor dos dois mundos. Os ideais de liberdade do Ocidente e os ideais de solidariedade, que inspiraram o mundo socialista.


10. E quanto à sociedade? Que tipo de sociedade devemos lutar por construir?

* No Brasil esta questão já está respondida no artigo 30 da nossa Constituição Federal:

Artigo 30: “Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.


11. E como fazer isso?

* Essa pergunta nos remete à questão dos meios da educação. Se quisermos transmitir valores às novas gerações, não deveremos nos limitar à dimensão dos conteúdos intelectuais, transmitidas através da docência, devemos ir além. Os valores devem ser, mais do que transmitidos, vividos. A inteligência não é a única via de acesso e expressão dos valores. Eles se manifestam quando sentimos, escolhemos, decidimos ou agimos nesta ou naquela direção.


12. No interior dessa visão, o que significa educar?

* Educar, de acordo com a visão aqui defendida, é criar espaços para que o educando possa empreender ele próprio a construção do seu ser, ou seja, a realização de suas potencialidades em termos pessoais e sociais.


13. Como fica a visão do educando no interior dessa pedagogia?

* O educando, no interior dessa visão, passa a ser visto, não como recipiente, mas como fonte autêntica de iniciativa, compromisso e liberdade.


14. Explique melhor.

* Fonte de iniciativa significa que o educando deve agir, ou seja, não deve ser apenas um expectador ou um receptor do processo pedagógico. Ele deve situar-se na raiz mesma dos acontecimentos, envolvendo-se na sua produção.

* Fonte de liberdade significa que o educando deve ter diante de si cursos alternativos de ação, deve decidir, fazer opções, como parte do seu processo de crescimento como pessoa e como cidadão.

* Fonte de compromisso significa que o educando deve responder pelos seus atos, deve ser conseqüente nas suas ações, assumindo a responsabilidade pelo que faz ou deixa de fazer.

* Esta concepção de educando nos leva, necessariamente, à formação do jovem autônomo, solidário e competente.


15. Neste contexto, o que significa competência?

* A palavra competência, aqui, não está empregada em seu sentido corriqueiro. Trata-se, efetivamente, de uma acepção mais ampla. Estamos falando de competência no sentido expresso no Relatório, que Jacques Delors, coordenando um grupo de quatorze grandes educadores, produziu para a UNESCO - EDUCAÇÃO UM TESOURO A DESCOBRIR. Este Relatório sustenta que a educação no século XXI deverá ser cada vez mais pluridimensional.


16. Por que a educação é vista como “um tesouro a descobrir?

* Este nome foi inspirado numa fábula de La Fontaine - O Lavrador e os Filhos - ou, mais precisamente, do seguinte trecho:

“Evitai, disse o lavrador, vender a herança
Que de nossos pais nos veio
Esconde um tesouro em seu seio.”

* Jacques Delors, no entanto, traindo um pouco o poeta, que pretendia fazer o elogio do trabalho, põe na sua boca as seguintes palavras:

“Mas ao morrer o sábio pai
Fez-lhe esta confissão
- O tesouro está na educação.”

* No limiar da civilização cognitiva na qual estamos adentrando, a educação deverá fornecer ao homem “a cartografia de um mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permita navegar através dele.”


17. Qual o sentido da palavra competência no relatório Jacques Delors?

* Mais do que acumular uma carga cada vez mais pesada de conhecimentos, o importante agora é estar apto para aproveitar, do começo ao fim da vida, as oportunidades de aprofundar e enriquecer esses primeiros conhecimentos num mundo em permanente e acelerada mudança.

* Para dar conta da missão que os tempos lhe impõem, a educação deve ser capaz de organizar-se em torno de quatro grandes eixos:

* Aprender a ser;

* Aprender a conviver;

* Aprender a fazer;

* Aprender a aprender.

* Estes segundo o relatório, são os quatro pilares da educação. A comissão reconhece que a educação escolar, que temos hoje, orienta-se basicamente para o conhecer e, em menor escala, para o fazer. As outras aprendizagens - ser e conviver - ficam a depender de circunstâncias aleatórias fora do âmbito do ensino estruturado.

* Daí, emergem as quatro competências, que o jovem, para ser autônomo, solidário e competente deverá desenvolver:

* Competência Pessoal (aprender a ser)

* Competência Social (aprender a conviver)

* Competência Produtiva (aprender a fazer)

* Competência Cognitiva (aprender a aprender)


18. Explicite melhor essa idéia.

* A idéia pode ser resumida em dois grandes objetivos:

1. Ampliar a educação ao conjunto da experiência humana (ser, conviver, fazer e conhecer);

2. Estendê-la ao longo de toda a vida, transcendendo os limites da instituição e da idade escolar.

* Assim, a educação no século XXI terá como fundamento quatro pilares, segunda o Relatório:

1. Aprender a Ser:

2. Aprender a Conviver:

3. Aprender a Fazer:

“Para melhor desenvolver a sua personalidade e estar à altura de agir em cada vez melhor capacidade de autonomia, de discernimento e de responsabilidade pessoal. Para isso, não negligenciar na educação nenhuma das capacidades de cada indivíduo: memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas e aptidão para comunicar.”

“Desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências - realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos - no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz.”

“Não somente para adquirir uma qualificação profissional, mas, duma maneira mais ampla, competências que tornem a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e trabalhar em equipe. Mas também, aprender a fazer, no âmbito das diversas experiências sociais ou de trabalho que se oferecem aos adolescentes e jovens, quer espontaneamente, fruto do contexto local ou nacional, quer formalmente, graças ao desenvolvimento do ensino alternado com o trabalho.”

4. Aprender a Conhecer:

“Combinando uma cultura geral suficientemente vasta, com a possibilidade de trabalhar em profundidade um pequeno número de matérias. O que significa aprender a aprender, para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a vida.”

* Estamos ainda muito longe - quando olhamos o que se passa em redor de nós no sistema de ensino - da perspectiva de uma educação assentada sobre os quatro pilares propostos no relatório. No entanto, é preciso ter claro que, mais do que a visão de um grupo de sábios, o Relatório exprime as exigências dos novos tempos e das novas circunstâncias em que seremos chamados a viver no século XXI.


19. Em que se baseia esta concepção de educação?

* A concepção de educação abraçada pela ONU neste limiar do século XXI tem por fundamento o Paradigma do Desenvolvimento Humano, que, desde 1990, vem sendo desenvolvido e difundido pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).


20. Em que consiste esse paradigma?

* Com base no Relatório sobre Desenvolvimento Humano no Brasil (PNUD/ IPEA/1996), podemos resumi-lo em dez pontos básicos:

1. O fundamento real do desenvolvimento humano é o universalismo do direito à vida;

2. Cada ser humano nasce com um potencial, que necessita de certas condições para se desenvolver;

3. O objetivo do desenvolvimento é criar um ambiente no qual todas as pessoas possam expandir suas capacidades;

4. Esse ambiente deve ainda oportunizar que a presente e as futuras gerações ampliem suas possibilidades;

5. A vida não é valorizada apenas porque as pessoas podem produzir bens materiais, nem a vida de uma pessoa vale mais que a de outra;

6. Cada indivíduo, bem como cada geração tem direito a oportunidades, que lhe permitam melhor fazer uso de suas capacidades potenciais;

7. A forma pela qual realmente são aproveitadas essas oportunidades e quais os resultados alcançados é um assunto que tem a ver com as escolhas que cada um faz ao longo de sua vida;

8. Todo ser humano deve ter possibilidade de escolha, agora, e no futuro;

9. Há uma necessidade ética de se garantir às gerações futuras condições ambientais pelo menos iguais às que gerações anteriores desfrutaram (desenvolvimento sustentável);

10. Esse universalismo torna as pessoas mais capazes e protege os direitos fundamentais (civis, políticos, sociais, econômicos e ambientais).


21. Qual a relação entre a educação pluridimensional e o Paradigma do Desenvolvimento Humano?

* A educação pluridimensional é a aplicação dos princípios ético-políticos desse paradigma ao desenvolvimento pessoal e social das novas gerações e também das gerações adultas, preparando o ser humano para viver e trabalhar numa sociedade moderna.


22. Qual o perfil exigido do jovem para trabalhar e viver na era pós-industrial, na sociedade do conhecimento?

* Os Códigos da Modernidade de Bernardo Toro e as Mega-Habilidades formuladas pela equipe do CLIE (Centro Latino-Americano de Investigações Educacionais) nos traçam prefigurações realistas do perfil exigido de cada ser humano, para trabalhar e viver numa sociedade moderna:

* Códigos da Modernidade (Bernardo Toro):

1. Domínio da Lecto-Escritura;

2. Capacidade de fazer cálculos e de resolver problemas;

3. Capacidade de compreender, analisar, interpretar e sintetizar dados, fatos e situações;

4. Compreender e operar seu entorno social;

5. Receber criticamente os meios de comunicação;

6. Acessar informações;

7. Trabalhar em grupo.

* Mega-Habilidades (CLIE):

1. Confiança: Sentir-se capaz de fazer;

2. Motivação: Querer fazer;

3. Esforço: Disposição de trabalhar duro. Superar dificuldades;

4. Responsabilidade: Fazer o que deve ser feito. Fazer correto;

5. Iniciativa: Passar da intenção à ação;

6. Perseverança: Terminar o começado;

7. Altruísmo: Sentir preocupação pelo outro;

8. Sentir Comum: Ter bons critérios ao avaliar e decidir;

9. Solução de Problemas: Por em ação o que sabe e o que é capaz de fazer.

* Os Códigos da Modernidade e as Mega-Habilidades são, portanto, reflexos das duas ordens de exigência (transformação produtiva e equidade social) sobre a educação do nosso tempo.


24. Essas competências e habilidades podem ser transmitidas através apenas da docência?

* É certo que não. Para criar os espaços necessários à eclosão das práticas e vivências capazes de permitir aos jovens exercitarem-se como fonte de iniciativa, liberdade e compromisso são necessários recursos pedagógicos de natureza distinta da aula. São necessários acontecimentos em que o jovem possa desempenhar um papel protagônico. Aqui, o discurso das palavras deve ser substituído pelo curso efetivo dos acontecimentos.


25. O que é, pois, protagonismo juvenil?

* O Protagonismo Juvenil, enquanto modalidade de ação educativa, é a criação de espaços e condições capazes de possibilitar aos jovens envolver-se em atividades direcionadas à solução de problemas reais, atuando como fonte de iniciativa, liberdade e compromisso.


26. De onde vem o termo protagonismo juvenil?

* Vem do grego. Proto quer dizer o primeiro, o principal. Agon significa luta. Agonista, lutador. Protagonista, literalmente, quer dizer o lutador principal. No teatro, o termo passouu a designar os atores que conduzem a trama, os principais atores. O mesmo ocorrendo também com os personagens de um romance.

* No nosso caso, ou seja, no campo da educação, o termo protagonismo juvenil designa a atuação dos jovens como personagem principal de uma iniciativa, atividade ou projeto voltado para a solução de problemas reais. O cerne do protagonismo, portanto, é a participação ativa e construtiva do jovem na vida da escola, da comunidade ou da sociedade mais ampla.


27. Toda participação implica em protagonismo por parte do jovem?

* Não. Existem formas de participação, que são a negação do protagonismo. A participação manipulada, a participação simbólica e a participação decorativa são forma, na verdade, de não-participação.


28. Quando a participação se torna genuína?

* A participação se torna genuína quando se desenvolve num ambiente democrático. A participação sem democracia é manipulação e, em vez de contribuir para o desenvolvimento pessoal e social do jovem, pode prejudicar a sua formação. Principalmente, quando se tem o propósito de formar o jovem autônomo, solidário e competente.


29. O que o jovem ganha com o protagonismo?

* A participação autêntica se traduz para o jovem num ganho de autonomia, autoconfiança e autodeterminação numa fase da vida em que ele se procura e se experimenta, empenhado que está na construção da sua identidade pessoal e social e no seu projeto de vida.


30. O que a sociedade ganha com o protagonismo dos jovens?

* A sociedade ganha em democracia e em capacidade de enfrentar e resolver problemas que a desafiam. A energia, a generosidade, a força empreendedora e o potencial criativo dos jovens é uma imensa riqueza, um imenso patrimônio que o Brasil ainda não aprendeu utilizar da maneira devida.



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PARTE II: ESTRUTURANDO AÇÕES DE PROTAGONISMO JUVENIL



31. Qual a primeira atitude do educador ao decidir utilizar o Protagonismo Juvenil?

* A adesão do educador à perspectiva metodológica do protagonismo juvenil deve traduzir-se num compromisso de natureza ética de respeito às possibilidades e limitações próprias da condição peculiar de desenvolvimento dos seus educandos, que, no caso, é a adolescência.


32. Além do compromisso ético, o que mais deve pautar a atuação do educador?

* Um vínculo claro da ação educativa com a democracia, a solidariedade e a participação. É anti-educativo mobilizar os jovens por causas que não sejam inequivocamente democráticas. O fim político do protagonismo juvenil é justamente elevar os níveis de participação democrática da população.


33. Quais são as etapas presentes na estruturação de qualquer ação de protagonismo?

a) Iniciativa da Ação:

Decidir se e o que deve ser feito diante de uma determinada situação-problema.

b) Planejamento da Ação:

Definir quem vai fazer o que, como, quando, onde e com que recursos.

c) Execução da Ação:

Por em prática aquilo que se planejou.

d) Avaliação:

Verificar se os objetivos foram atingidos, analisar o que deu certo, o que precisa ser evitado e o que precisa ser melhorado no desempenho do grupo.

e) Apropriação dos Resultados

Decidir coletivamente o que fazer com os resultados a quem atribuí-los e, no caso de resultados materiais e/ou financeiros, como utilizaá-los.


34. Que atitudes devem ser evitadas por parte do educador?

a) Privar os jovens de participação na decisão da ação a ser realizada.

b) Tentar “vender” para os jovens decisões já tomadas pelos adultos, sem dar-lhes opção de recusar ou propor alternativas.

c) Apresentar o problema, colher as sugestões do grupo e, depois, decidir sozinho o que fazer.

d) Deixar a decisão para o grupo, sem procurar orientar e esclarecer quando as dificuldades surgirem.


35. Quais são os padrões de relacionamento mais comuns entre adultos e adolescentes no curso de uma ação protagônica?

* Dependência:

Os educadores assumem a direção das ações, cabendo aos adolescentes apenas segui-las e obedecê-las, atuando sob sua tutela.

* Colaboração:

Educandos e educadores compartilham, através de discussões, reflexões conjuntas e decisões partilhadas todas as etapas do desenvolvimento de uma ação protagônica.

* Autonomia:

Estágio avançado de protagonismo no qual os educandos já se desimcubem de todas as etapas de uma ação protagônica sem que seja necessário o envolvimento dos educadores.


36. Como deve ser o papel do educador diante dos jovens?

a) O educador deve ajudar os jovens a identificar a situação-problema e posicionar-se diante dela.

b) Empenhar-se no sentido de que o grupo não desanime e nem se desvie dos objetivos propostos.

c) Favorecer o estabelecimento de vínculos entre os membros do grupo, fortalecendo a coesão grupal.

d) Motivar o grupo a avaliar constantemente a ação e, quando necessário, replanejá-la em conjunto.

e) Zelar permanentemente para que a iniciativa dos jovens seja compreendida e aceita por outros jovens e pelo mundo adulto.

f) Cuidar pela manutenção de um clima de entusiasmo e dedicação no interior dos grupos.

g) Colaborar na avaliação das ações desenvolvidas, ajudando os jovens a introduzir os ajustes necessários.


37. Qual deve ser o perfil básico do educador para atuar junto aos jovens em ações de protagonismo juvenil?

a) Ter convicções sólidas a respeito da importância da participação dos jovens na solução de problemas reais na escola e na comunidade;

b) Conhecer os elementos básicos da dinâmica e funcionamento dos grupos;

c) Ter algum conhecimento sobre a situação-problema a ser enfrentada;

d) Ter alguma experiência como participante ou animador de atividades de trabalho em grupo;

e) Ser capaz de administrar as oscilações de comportamento freqüente entre os jovens: conflitos, passividade, indiferença, agressividade e destrutividade;

f) Ter controle sobre seus sentimento e reações;

g) Estar aberto para acolher e compreender as manifestações verbais e não-verbais emitidas pelo grupo.

h) demonstrar-se capaz de respeitar a dignidade, o dinamismo e a identidade de cada um dos membros do grupo.


38. Porque é importante que os jovens participem na elaboração do projeto?

* Porque, ao fazê-lo de forma democrática e participativa, a equipe juvenil adquire mais confiança em si mesma e na sua capacidade de intervir construtivamente em seu entorno social.


39. Que cuidados devem ser tomados antes de iniciar a ação planejada?

* Em primeiro lugar deve-se procurar analisar a situação sobre a qual se quer intervir, reunindo os dados e informações disponíveis.

* Em seguida, o projeto deve ser explicado pelos próprios jovens a todos aqueles que serão afetados pelas atividades a serem desenvolvidas.


40. Que perguntas básicas devem ser claramente respondidas quando se planeja uma ação protagônica?

* O que pretendemos fazer?

* Quando começará a ação e quanto temo será consumido na sua realização?

* Onde ocorrerão as atividades planejadas?

* Quem ficará responsável?


41. Pelo que em cada etapa do trabalho a ser realizado?

* Como as atividades serão organizadas e encadeadas para se atingir o fim previsto?

* Quanto, em termos de recurso materiais, financeiros e humanos será necessário para o desenvolvimento das ações previstas?



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ROTEIRO SIMPLIFICADO DE ELABORAÇÃO DE UM PROJETO




a. Apresentação:

Inicia-se com a capa onde deverá constar o título e subtítulo (se houver) do projeto, o nome da entidade ou grupo responsável, local e data. Da primeira página deverá constar o nome dos responsáveis pelo projeto e suas respectivas funções.


b. Objetivos:

Procede-se a uma enunciação clara e concisa do que se espera alcançar;

Os objetivos devem ter uma relação clara com o que está colocado nos problemas ou necessidades.


c. Justificativa:

Procura responder à questão POR QUE através dos dados e informações disponíveis sobre a realidade onde se quer intervir. É a descrição do problema que originou o projeto.


d. Atividades Previstas:

Descrição das ações a serem desenvolvidas;

Os meios a serem utilizados;

A definição das responsabilidades de cada um na execução do que foi planejado.


e. Recursos:

Elencar todos os requisitos em termos de espaços físicos, materiais, dinheiro e pessoas necessários para viabilizar as ações previstas.


f. Cronograma:

O cronograma dividirá a execução do projeto em fases ou etapas e estabelecerá o tempo previsto para sua realização.


g. Avaliação do Projeto:

A avaliação do projeto poderá ocorrer em três momentos:

1. Avaliação Diagnóstica (antes da execução).

É o momento em que se faz a coleta de dados e informações com a finalidade de se levantar a situação - problema e as condições existentes para o seu enfrentamento. Como: pessoas, conhecimentos, espaços físicos para trabalhar, equipamentos e dinheiro.

2. Avaliação Formativa (durante a execução).

É o acompanhamento sistemático do desenvolvimento das ações, a detecção de atrasos e falhas e a sua correção no curso mesmo do processo de execução.

3. Avaliação Somativa (após a execução).

Verifica se o projeto atingiu ou não os objetivos perseguidos. Detecta o mérito, a relevância e o impacto sobre a situação das ações desenvolvidas, destacando os pontos positivos e negativos, produzindo, assim, os elementos para se estabelecer um juízo de valor acerca do trabalho realizado.

Quando se trata de projetos de protagonismo juvenil, o acerto e o erro têm valor positivo, pois ambos podem ser usados para alimentar e retro-alimentar o processo de aprendizagem, crescimento e desenvolvimento dos jovens, como pessoas e como cidadãos.



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Antonio Carlos Gomes da Costa é educador e autor de diversos livros. Através de sua empresa, a Modus Faciendi (www.modusfaciendi.com.br), com sede em Belo Horizonte, MG, presta consultoria a diversas instituições do Terceiro Setor, entra as quais o Instituto Ayrton Senna, do qual é o principal consultor.


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