terça-feira, 28 de junho de 2011

Relato de uma educadora

Nize Maria Campos Pellanda
Fecha

“Os jovens, então, vão escrevendo suas autonarrativas nos seus Blogs. No início do projeto essas narrativas eram muito pobres, porque reduzidas a clichês muito simples do tipo: meu nome é fulano de tal, moro na cidade tal, gosto de festas e de música. As reflexões sobre si estavam completamente ausentes. Além disso, as sentenças careciam de estrutura. Muitas vezes não havia pontuações e as frases emendavam uma na outra. Os erros ortográficos eram a regra. Com o desenvolvimento do projeto, eles vão se colocando mais nos textos e trazendo outros fatos do cotidiano sobre os quais vão tomando posição. Começam a emergir idéias sobre valores, sobre os próprios atos e opiniões sobre os outros. As frases vão ficando mais estruturadas e diminuem os erros ortográficos, pois eles, ao relerem seus textos, fazem algum tipo de estranhamento do tipo: será que é assim mesmo que se escreve tal palavra? Perguntam para os facilitadores que não respondem diretamente, mas sugerem que procurem dicionários on-line.” (PELLANDA, 2006, p. 82),

Blooger

Blog: Comunicação e escrita íntima na Internet
Fecha

“Como definir o diário? (...) em primeiro lugar, um diário se escreve ao sabor de tempo, é muito diferente das auto-biografias, memórias e outros parentes próximos do gênero. O diário é observado dia-a-dia, mais ou menos escrupulosamente, mas é sempre uma espécie de representação ao vivo da vida.
Ter um diário íntimo também é algo difícil. É uma atividade que exige uma certa disciplina, que ordena a vida (...).
Pessoalmente, o que me anima é uma personalidade que eu classificaria como “arquivista” e de colecionadora. Ter um diário íntimo é uma maneira de colecionar os dias...
Colocar-se no papel cotidianamente é também uma nova maneira de se desnudar e de decifrar o próprio interior sem ter que pagar uma terapia (...)
Alguns relêem seus diários e se supreendem com o que escreveram. Outros não compreendem mais nada. (...) Um diário é uma encenação, uma representação de si. Nós somos a personagem principal de nosso diário. Nós temos às vezes a tendência a escrever as coisas não como elas são, mas como deveriam ser. Escreve-se para embelezar ou dramatizar a vida, para lhe dar um sabor novo. O diário é, muitas vezes, um dos últimos refúgios do sonho”. (SCHITTINE, 2004, p. 15)